TEXTO ORIGINAL
Caput CXXVII - De falcone.
168
1 Cum beatus Franciscus, aspectum et colloquium hominum more solito fugiens, in quadam eremo commaneret, falco in loco nidificans magno se illi amicitiae foedere copulavit.
2 Nam semper horam nocturno tempore, in qua sanctus ad divina obsequia surgere solitus erat, cantu suo praeveniebat et sono.
3 Quod sancto Dei (cfr. Luc 4,34) gratissimum erat, eo quod tanta sollicitudine, quam erga eum gerebat, omnem ab eo desidiae moram excuteret.
4 Cum vero sanctus aliqua infirmitate plus solito gravaretur, parcebat falco, nec tam tempestivas indicabat vigilias.
5 Siquidem velut instructus a Deo (cfr. 2Tim 3,17), circa diluculum vocis suae campanam levi tactu pulsabat.
6 Creatoris praecipuum amatorem non mirum si venerantur reliquae creaturae.
TEXTO TRADUZIDO
Capítulo 127 - Sobre o falcão.
168
1 Uma vez, São Francisco tinha se retirado para um eremitério, como era seu costume, para escapar da vista e da companhia dos homens. Um falcão que por lá tinha o seu ninho fez com ele um grande pacto de amizade.
2 Pois sempre cantava para acordar o santo e indicar a hora em que costumava levantar-se para os santos louvores.
3 O santo de Deus gostava muito disso, porque toda essa atenção que o pássaro demonstrava para com ele impedia todo atraso de descuido.
4 Mas quando o santo estava mais achacado que de costume por alguma doença, o falcão o poupava e não dava os sinais das horas de vigília tão rigorosamente.
5 Como se fosse instruído por Deus, tocava ao amanhecer a campainha de sua voz.
6 Nem é para admirar que as outras criaturas venerassem tanto aquele que mais amou seu Criador.