Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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  • Tratado dos Milagres (3Cel)

TEXTO ORIGINAL

Tractatus de Miraculis (3Cel) - 42

42 
1 Cuiusdam urbis Romae notarii puerulus vix septennis, matrem euntem ad ecclesiam Sancti Marci causa praedicationis puerili more sequi desiderans, dum a matre repellitur et pro repulsa spiritu anxiatur, per fenestram palatii, nescio quo diabolico instinctu, obruitur, et ultima quassatione collisus, communem omnibus mortis transitum experitur. 
2 Mater quae nondum longe discesserat, ad sonitum corruentis praecipitium pignoris suspicata, dum celeri cursu domum revertitur, filium exanimem contemplatur.
3 Protinus sibi ipsi ultrices inicit manus, vicinia properat ad lamentum, medici vocantur ad mortuum. Sed numquid mortuum suscitabunt (cfr. Act 26,8) 
4 Cesserat tempus prognosticis et diaetis, et de foro Dei factus iudicari a medicis poterat, iuvari non poterat.
5 Calore igitur et vita, sensu, motu et virtute privatus, mortuus a medicis indicatur. 
6 Frater Rao de ordine Minorum in omni Roma notissimus praedicator, illuc se ad praedicandum conferens, propinquavit ad puerum, et fide plenus ait ad patrem: 
7 “Credisne sanctum Dei Franciscum posse filium tuum a mortuis suscitare (cfr. Act 17,31) propter amorem quem semper habuit in Filium Dei, Dominum Iesum Christum (cfr. Act 8,37; 11,17)?”. 
8 Respondit pater: “Credo firmiter et confiteor. Ero servus eius perpetuus et locum sanctum eius solemniter visitabo”. 
9 Prostravit se frater ille cum socio in oratione, ac omnes ad orandum commonuit. 
10 Quo facto, coepit puer aliquantulum oscitare, levare brachia et sese erigere. 
11 Accurrit mater et filium amplexatur, pater non se capit prae gaudio (cfr. Luc 24,41), et omnis populus admiratione repletus altissima voce Christum magnificat et sanctum eius. 
12 Statim coram omnibus ambulavit puer et optime vitae redditus est.

TEXTO TRADUZIDO

Tratado dos Milagres (3Cel) - 42

42 
1 O filhinho de um notário da cidade de Roma, de sete anos apenas, quando a mãe ia para a igreja de São Marcos para ouvir uma pregação, desejando seguí-la como uma criança, mas ela não deixou e ele ficou desassossegado, pulando pela janela da casa, não sei se por algum instinto diabólico. Quando se chocou com o chão, experimentou a morte, que é comum para todos. 
2 A mãe, que ainda não estava longe, ao ouvir o baque da queda, suspeitando do drama de seu tesouro, voltou correndo e encontrou o filho exânime. 
3 Logo voltou contra si mesma as mãos vingadoras; a vizinhança acorreu aos seus lamentos e chamaram médicos para o morto. Será que poderiam ressuscitar um morto? 
4 Passara a hora de prognósticos e dietas, e os médicos só podiam explicar mas não ajudar quem já estava nas mãos de Deus. 
5 Os médicos declararam morto aquele que já não tinha mais calor nem vida, movimento ou força. 
6 Frei Rao, da Ordem dos menores, pregador conhecidíssimo em toda Roma, ia indo para pregar e chegou perto do menino. Cheio de confiança, disse ao pai: 
7 “Crês que Francisco, o santo de Deus, pode ressuscitar teu filho dos mortos pelo amor que sempre teve pelo Filho de Deus, nosso Senhor Jesus Cristo?”. 
8 O pai respondeu: “Creio firmemente e o confesso. Serei seu servo para sempre e vou visitar solenemente seu lugar sagrado”. 
9 O frade ajoelhou-se em oração com o seu companheiro e exortou todos a rezarem. 
10 Feito isso, o menino começou a bocejar um pouco, a mexer os braços e a se erguer. 
11 A mãe correu para abraçar o filho, o pai não se continha de alegria, e todo o povo, cheio de admiração, louvava em voz alta Cristo e seu santo. 
12 O menino logo começou a andar na frente de todos e voltou a viver muito bem.