TEXTO ORIGINAL
56
1 Quidam de castro Ceperani, nomine Nicolaus, in manus inimicorum crudelium incidit (cfr. Iudc 15,18) die quadam.
2 Qui ferali rabie dum vulnera vulneribus superaddunt, usque adeo super miserum saevire non cessant, donec vel exstinctum crederent vel protinus exstinguendum.
3 Denique semivivo relicto (cfr. Luc 10,30), cruore madentes abscedunt.
4 Clamaverat autem praedictus Nicolaus, cum primos exciperet ictus, altissima voce: “Adiuva me, sancte Francisce! succurre mihi, sancte Francisce!”.
5 Quam vocem plures a remotis audierant, et tamen auxilium ferre non poterant.
6 Reportatus domum totus suo sanguine volutatus, clamat se mortem non incurrere, nec sentire dolores, quoniam sanctus Franciscus sibi succurrerat, et ut poenitentiam ageret (cfr. Mar 6,12) a Domino impetrarat.
7 Sic revera lotus a sanguine, cito contra humanam spem exstitit liberatus.
TEXTO TRADUZIDO
56
1 Um homem da aldeia de Ceprano, chamado Nicolau, caiu certo dia na mão de inimigos cruéis.
2 Com uma raiva feroz feriram-no muitas vezes, e não pararam de atacá-lo enquanto não o julgaram já morto ou a ponto de morrer.
3 Finalmente, deixando-o meio morto, afastaram-se ensanguentados.
4 Mas o referido Nicolau gritara bem alto, quando recebeu os primeiros golpes: “Ajuda-me, São Francisco, socorre-me, São Francisco!”.
5 Muitos ouviram de longe esse grito, mas não podiam levar-lhe ajuda.
6 Levado para casa, todo sujo de seu sangue, clamava que não ia morrer nem estava sentindo dores, porque São Francisco o socorrera e porque implorara o Senhor para fazer penitência.
7 De fato, quando lavaram o sangue, ficou livre, contra toda esperança humana.