TEXTO ORIGINAL
5.
1 Post paucos vero annos, quidam nobilis de civitate Assisii militaribus armis se praeparat ut ad pecuniae vel honoris lucra augenda in Apuliam vadat.
2 Quo audito, Franciscus ad eundum cum illo aspirat, et ut a quodam comite Gentili nomine miles fiat, pannos pro posse praeparat pretiosos, concive suo pauperior divitiis sed profusior largitate.
3 Nocte igitur quadam, cum ad haec consummanda tota se deliberatione dedisset et ad iter agendum desiderio aestuaret, visitatut a Domino qui eum, tanquam gloriae cupidum, fastigio gloriae per visionem allicit et exaltat.
4 Cum enim illa nocte dormiret, apparuit ei quidam vocans eum ex nomine (cfr. Gen 4,17)ac ducens ipsum in quoddam speciosae sponsae amoenum palatium plenum militaribus armis, scilicet splendentibus clipeis ceterisque apparatibus ad murum pendentibus, ad militiae decorem spectantibus.
5 Qui, cum gaudens plurimum quid hoc esset secum tacitus miraretur, interrogavit cuius essent haec arma tanto splendore fulgentia et palatium sic amoenum.
6 Et responsum est illi haec omnia eum palatio sua esse militumque suorum.
7 Expergefactus itaque gaudenti animo mane surrexit, saeculariter cogitans, tanquam qui nondum spiritum Dei plene gustaverat, se in hoc debere magnifice principari, atque praesagium magnae prosperitatis reputans visionem, iter arripere deliberat in Apuliam ut miles fiat a comite supradicto.
8 Tantum vero laetior solito est effectus ut pluribus admirantibus et quaerentibus unde sibi esset tanta laetitia responderet: “Scio me magnum principem affuturum”.
TEXTO TRADUZIDO
5.
1 Poucos anos depois, certo cidadão nobre da cidade de Assis preparou-se com armas de guerra para ir à Apúlia, para aumentar riquezas ou prestígio.
2 Ouvindo isto, Francisco quis ir com ele e, para ser feito cavaleiro por certo conde de nome Gentil, preparou os melhores tecidos que pode, mais pobre em riquezas que seu concidadão, mas mais generoso na prodigalidade.
3 Certa noite, quando se havia entregado totalmente a preparar tudo isso, e ardia no desejo de viajar, foi visitado pelo Senhor, que o atraiu e exaltou – já cobiçoso de glória – para o fastígio da glória por uma visão.
4 Pois quando estava dormindo nessa noite, apareceu-lhe alguém chamando-o pelo nome e levando-o a um palácio magnífico de uma linda esposa, cheio de armas de guerra, isto é de resplandecentes escudos e outros aparatos pendurados na parede, referentes ao decoro de um exército.
5 Como ele, muito alegre, admirava-se calado sobre o que seria isso, perguntou de quem eram essas armas que fulgiam com tanto fulgor, e o palácio magnífico.
6 Foi-lhe respondido que tudo aquilo, com o palácio, era dele e de seus soldados.
7 Quando acordou, levantou-se de manhã de ânimo alegre, pensando secularmente, como alguém que ainda não tinha saboreado plenamente o espírito de Deus, que por isso deveria tornar-se um magnífico príncipe, e achando que a visão era o presságio de uma grande prosperidade, resolveu iniciar a viagem para a Apúlia para ser feito cavaleiro pelo referido conde.
8 Ficou tão mais alegre que de costume que a muitos que se admiravam e perguntavam de onde vinha tanta alegria respondeu: “Sei que vou ser um grande príncipe”.