Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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  • Fontes Biográficas
  • Espelho da Perfeição

TEXTO ORIGINAL

Speculum perfectionis - 37

Caput 37. De paenitentia quam dedit fratri qui male judicavit quemdam pauperem.

1 Cum beatus Franciscus causa praedicationis ivisset ad quemdam locum fratrum prope Roccam Britii, accidit ut ipsa die qua debebat praedicare, quidam pauper et infirmus veniret ad eum. 2 Cui multum compatiens, coepit dicere socio suo de paupertate et infirmitate ipsius. Et ait illi socius ejus: “Frater, verum est quod iste satis pauper videtur, sed forte in tota provincia non est aliquis voluntate ditior illo”.
3 Et statim reprehensus dure a beato Francisco dixit culpam suam. Et ait ei beatus Franciscus: “Vis de hoc facere paenitentiam quam dicam tibi?”. — Qui respondit: “Libenter faciam”. 4 Et dixit ei: “Vade, et exue te tunica tua, et projice te nudum ad pedes (cfr. Mat 15,30) pauperis, et dicas ei quomodo peccasti in ipso detrahendo sibi, et dic ei ut oret pro te”.
5 Ivit ergo ille, et fecit omnia quae dixerat illi beatus Franciscus. Quo facto, surrexit et induit tunicam suam; et reversus est ad beatum Franciscum. 6 Et ait illi beatus Franciscus: “Vis scire quomodo peccasti in illo, immo in Christo? Cum vides pauperem, debes considerare illum in cujus nomine venit, id est Christum, qui nostram paupertatem et infirmitatem assumpsit; 7 nam infirmitas et paupertas istius est quoddam speculum nobis, per quod speculari et considerare debemus cum pietate infirmitatem et paupertatem Domini nostri Jesu Christi quam in suo corpore pertulit pro salute nostra”.

TEXTO TRADUZIDO

Espelho da Perfeição - 37

Capítulo 37. A penitência que impôs ao irmão que julgou mal um pobre.

1 Quando o bem-aventurado Francisco foi pregar num lugar dos frades, perto de Rocca di Brizio, aconteceu que no próprio dia em que devia pregar, um pobre doente se apresentou a ele. 2 Movido de grande compaixão, começou a falar com seu companheiro sobre a pobre­za e a doença do homem. Seu companheiro disse: “Irmão, é verdade que ele parece bastante pobre, mas, talvez, em toda a região não exista ninguém que mais deseje ser rico do que ele”.
3 Logo, duramente repreendido pelo bem-aventurado Francisco, disse sua culpa. E o bem-aventurado Francisco disse-lhe: “Queres fazer a penitência que te imporei por causa disso?” Replicou ele: “Farei de boa vontade”. 4 Disse-lhe: “Vai, despe tua túnica e lança-te nu aos pés (cf. Mt 15,30) do po­bre, dize-lhe que pecaste, falando mal dele, e pede-lhe que reze por ti”.
5 Ele foi e fez tudo o que lhe dissera o bem-aventurado Francisco. Feito isso, levantou-se, vestiu sua túnica e voltou a São Francisco, 6 que lhe disse: “Queres saber como pecaste contra ele e, até, contra Cris­to? Quando vês um pobre, deves considerar aquele em cujo nome vem, isto é, Cristo, que assumiu nossa pobreza e enfermidade; 7 pois a enfermidade e a pobreza deste homem é para nós um es­pelho pelo qual devemos espelhar e considerar com ternura a en­fermidade e a pobreza de nosso Senhor Jesus Cristo, que ele su­portou em seu corpo para a nossa salvação”.