Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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  • São Boaventura
  • Legenda Maior

TEXTO ORIGINAL

Legenda Maior - X,5

5 
1 Orante autem viro Dei in loco de Portiuncula, contigit, Assisinatem episcopum venire ad eum, ut erat solitus, visitandum. 
2 Qui mox, ut locum fuit ingressus, ad cellam in qua Christi servus orabat, plus debito fidenter accessit, pulsoque ostiolo, intraturum se ingerens, dum caput immisit sanctumque orantem conspexit, repentino tremore concussus (cfr. Iob 21,6), obrigescentibus membris, etiam loquelam amisit, subitoque voluntate divina per vim foras propulsus, retrogrado pede procul abductus est. 
3 Stupefactus episcopus ad fratres festinavit, ut potuit, Deoque sibi restituente loquelam, primo verbo confessus est culpam. 
4 Contigit tempore quodam, abbatem monasterii Sancti Iustini de episcopatu Perusii obviare famulo Christi. 
5 Quo viso abbas devotus celeriter de equo descendit, ut et viro Dei reverentiam faceret et de salute animae aliqua cum ipso conferret. 
6 Tandem, habita collatione suavi, abbas abscedens orari pro se humiliter petiit; cui vir Deo carus respondit: ”Orabo libenter”. 
7 Parum itaque discedente abbate, dixit fidelis Franciscus ad socium: ”Exspecta, frater, modicum, quia debitum volo solvere, quod promisi”. 
8 Orante autem illo, subito abbas insolitum calorem et dulcedinem hactenus inexpertam sensit in spiritu (cfr. Rom 8,5), ita quod in excessu mentis (cfr. Act 11,5) effectus, totus a se ipso in Deum defecit. 
9 Parva morula substitit, et in se reversus (cfr. Luc 15,17; Act 12,11), virtutem orationis sancti Francisci cognovit. 
10 Maiore proinde circa Ordinem semper amore flagravit multisque factum pro miraculo retulit.

TEXTO TRADUZIDO

Legenda Maior - X,5

5 
1 O homem de Deus estava orando no lugar da Porciúncula e aconteceu que o bispo de Assis foi visitá-lo, como costumava. 
2 Logo que entrou no lugar, foi à cela em que o servo de Cristo orava e foi chegando com mais confiança do que devia. Bateu na portinha e foi entrando, mas, quando enfiou a cabeça e viu o santo orando, foi sacudido por um tremor repentino, paralizaram-se-lhe os membros, até perdeu a fala e, de repente, por vontade divina, foi lançado à força para fora e, andando para trás, foi levado para longe. 
3 Estupefato, o bispo correu para os frades, como pôde, e quando Deus lhe restituiu a fala, sua primeira palavra foi para confessar a culpa. 
4 Aconteceu, uma vez, que o abade de São Justino, da diocese de Perusa, se encontrou com o servo de Cristo. 
5 Quando o viu, o abade, devoto, desceu logo do cavalo, tanto para prestar uma reverência ao homem de Deus quanto para tratar com ele algumas coisas sobre a salvação de sua alma. 
6 No final, depois de uma suave conversação, o abade, indo embora, pediu humildemente que rezasse por ele. O homem querido por Deus respondeu: “Vou rezar de boa vontade”. 
7 Quando o abade tinha se afastado um pouco, o fiel Francisco disse ao companheiro: “Espera um pouco, irmão, porque quero pagar a dívida que prometi”. 
8 Mas quando ele rezou, o abade sentiu no espírito um insólito calor e uma doçura nunca antes experimentada, de modo que, em êxtase, ficou todo absorto em Deus. 
9 Ficou assim um pouquinho de tempo e, voltando a si, teve conhecimento da força da oração de São Francisco. 
10 A partir daí teve um amor sempre maior pela Ordem e contou o fato a muitos como um milagre.