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TEXTO ORIGINAL

Cronica de Frei Tomás de Eccleston - 20

20. Fuit autem tunc socius magistri Adae de Marisco et ad robas suas, quem non multum post per Dei gratiam ad intrandum ordinem sagaciter induxit. Videbatur autem nocte quadam fratri Adae de Marisco, quod venerunt simul ad quoddam castellum, et ultra portam fuit depicta dominica crux, et quicumque vellet ingredi, oporteret eum osculari crucem. Ingressus est ergo prius frater Adam de Exonia, osculata cruce; et alter frater Adam statim, eadem osculata, secutus est. Sed prior inventam mox cocleam tam velociter ascendit, ut ab aspectu sequentis citius raperetur: sequens vero clamavit: “Incedatis moderatius, incedatis moderatius!” Sed alter nusquam postea comparuit.

Et quidem haec visio omnibus qui tunc erant in Anglia fratribus poterit esse manifesta: siquidem frater Adam post ingressum profectus est ad papam Gregorium nonum, a quo, secundum quod optaverat, missus est ad praedicandum inter Saracenos; sed apud Barlette, sociis suis [mortem] praedicens, obiit et post, ut dicitur, claris miraculis effulsit.

Intravit autem frater Adam de Marisco apud Wigorniam, zelo scilicet amoris paupertatis.

Post hos intravit frater J. de Redinges, abbas scilicet Osengyae, qui nobis omnis perfectionis exempla reliquit. Post hunc quoque magister Ricardus Rufus, tam Oxoniae quam Parisius fama clarissimus. Intraverunt quoque milites nonnulli; scilicet dominus Ricardus Gobion, dominus Aegidius de Merc, dominus Thomas Hispanus, dominus Henricus de Walepole; de quorum ingressu dixit dominus Rex: “Si volueritis esse discreti in recipiendis fratribus, si non procuraveritis privilegia ad depressionem hominum, et praecipue si non fueritis importuni in petendo, poteritis principari principibus”.

TEXTO TRADUZIDO

Crônica de Frei Tomás de Eccleston - 20

20. Nesse tempo, ele era companheiro do mestre Adão de Marsh e a par de seus afazeres, e não muito depois o convenceu habilmente, pela graça de Deus, a entrar na Ordem. Certa noite, Frei Adão de Marsh teve uma visão de que chegaram juntos a um castelo, e, além da porta, havia sido pintada a cruz do Senhor, e quem quisesse entrar devia beijar a cruz. Então Frei Adão de Oxford entrou primeiro, depois de beijar a cruz; e o outro Frei Adão, tendo-a beijado, seguiu-o logo após. Mas o primeiro logo encontrou uma escada em caracol e subiu tão depressa que, em muito pouco tempo desapareceu de sua vista. O que seguia gritou: “Vai mais devagar, mais devagar!” Mas o outro nunca mais apareceu.

Essa visão podia ser muito clara para todos os frades que então viviam na Inglaterra: Frei Adão, depois do ingresso, dirigiu-se ao Papa Gregório IX, pelo qual foi enviado a pregar entre os sarracenos, como queria; mas em Barletta, predizendo aos companheiros sua morte, faleceu e depois, como se diz, refulgiu com notáveis milagres.

Frei Adão de Marsh entrou em Worcester, certamente pelo amor que tinha à pobreza.

Depois desses, entrou Frei João de Reading, abade de Osney, que nos deixou exemplos de toda perfeição. Depois deste, também o mestre Ricardo Rufo, muito famoso tanto em Oxford quanto em Paris. Entraram também alguns cavaleiros: o senhor Ricardo Gubiun, o senhor Egídio de Merc, o espanhol senhor Tomás, o senhor Henrique de Walpole. A respeito da entrada destes, disse o senhor Rei: “Se tivésseis sido discretos na aceitação dos frades, se não tivésseis procurado privilégios em detrimento dos outros, e principalmente se não tivésseis sido importunos em mendigar, poderíeis dominar os príncipes”.