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TEXTO ORIGINAL

Legenda Sanctae Clarae Virginis - 60

De liberatis a Lupo

60 Crudelium luporum saeva feralitas contratam vexare solebat: qui in ipsos homines irruentes, humanibus saepe carnibus pascebantur. Mulier ergo quaedam, nomine Bona, de Monte Galliano, Assisinatis dioecesis, duos filios habens, unius, quem lupi rapuerant, vix planctum expleverat, cum ecce ad secundum consimili ferocitate festinant. Stante namque matre in domo, et aliquid rei familiaris agente, puero deambulanti exterius lupus dentes infigit, ac per cervicem mordens, cum tali praeda quantocius ad sylvam tendit. 
Audientes autem pueri stridores, homines qui erant in vineis, ad matrem clamant, dicentes: Vide, inquiunt, si filium tuum habes: quoniam ploratus insuetos paulo ante persensimus. 
Cognoscens mater filium a lupo direptum, clamores in excelsum levat, et ululatibus aerem complens, virginem Claram invocat, dicens: Sancta et gloriosa Clara, redde mihi miserum filium meum. Redde, ait, redde infelici matri natellum. Quod si non feceris meipsam aquis necabo. 
Currentes itaque vicini post lupum, reperiunt infantulum a lupo in sylva dimissum, et canem iuxta puerum eius vulnera deligentem. Cervici primos iniecerat morsus bestia fera: dehinc ut praedam levius ferret, ipsius pueri renibus suas impleverat fauces, et utrobique non levis attactus signa reliquerat. 
Voti compos effecta mulier, cum suis vicinis ad suam properat adiutricem et pueri varias plagas omnibus videre volentibus monstrans, Deo et sanctae Clarae gratias copiosas exsolvit.

TEXTO TRADUZIDO

Legenda de Santa Clara Virgem - 60

Os salvados de lobos 

60 A região costumava ser assolada pela ferocidade cruel dos lobos que, atacando os próprios homens, muitas vezes comiam carne humana. Uma mulher chamada Bona, de Monte Galiano, na diocese de Assis, tinha dois filhos. Mal acabara de chorar por um, que os lobos tinham arrebatado, quando eles se precipitaram com a mesma ferocidade sobre o segundo. A mãe estava em casa, nos afazeres familiares. O lobo meteu os dentes no menino que andava lá fora e, mordendo-o pela cabeça, correu depressa para o mato com a presa. 
Ouvindo os gritos do menino, os homens que estavam nas vinhas gritaram para a mãe, dizendo: “Veja se seu filho está em casa, porque ouvimos há pouco uns gritos estranhos”. 
Quando a mãe viu que o filho tinha sido levado pelo lobo, levantou seus clamores para o alto e, enchendo o ar de gritos, invocou a virgem Clara, dizendo: “Santa e gloriosa Clara, devolva meu pobre filho. Devolva, devolva o filhinho à mãe infeliz. Se não fizer isso, vou me matar na água”. 
Os vizinhos correram atrás do lobo e encontraram o menininho abandonado por ele na selva, com um cachorro lambendo suas feridas. O animal selvagem começara mordendo a cabeça; depois, para levar mais facilmente a presa, abocanhou-a pela cintura, deixando marcas profundas da mordida nos dois lados. 
A mulher, vendo atendido seu pedido, correu com as vizinhas para sua protetora e, mostrando as diversas feridas do menino a quem quisesse ver, deu muitas graças a Deus e a Santa Clara.