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TEXTO ORIGINAL

Legenda Maior - Prologus 1

Prologus. 

Incipit prologus in visam beati Francisci. 


1 Apparuit gratia Dei Salvatoris nostri diebus istis novissimis in servo suo Francisco omnibus vere humilibus et sanctae paupertatis amicis, qui superaffluentem in eo Dei misericordiam venerantes, ipsius erudiuntur exemplo, impietatem et saecularia desideria funditus abnegare, Christo conformiter vivere et ad beatam spem (cfr. Tit 2,11-13; Heb 1,2) desiderio indefesso sitire. 
2 In ipsum namque ut vere pauperculum et contritum, tanta Deus excelsus benignitatis condescensione respexit cfr. Is 66,2;; Iob 36,22), quod non solum de mundialis conversationis pulvere suscitavit egenum (cfr. 1Re 2,8), verum etiam evangelicae perfectionis professorem, ducem atque praeconem effectum in lucem dedit (cfr. Is 49,6) credentium, ut testimonium perhibendo de lumine, viam lucis et pacis ad corda fidelium Domino pracpararet (cfr. Ioa 1,7; Luc 1,76.79). 
3 Hic etenim quasi stella matutina in medio nebulae (cfr. Sir 50,6), claris vitae micans et doctrinae fulgoribus, sedentes in tenebris et umbra mortis (cfr. Luc 1,79) irradiatione praefulgida direxit in lucem, 
4 et tamquam arcus refulgens inter nebulas gloriae (cfr. Sir 50,8), signum in se dominici foederis (cfr. Gen 9,13) repraesentans, pacem et salutem evangelizavit (cfr. Rom 10,15) hominibus, 
5 exsistens et ipse Angelus verae pacis (cfr. Is 33,7), secundum imitatoriam quoque similitudinem Praecursoris destinatus a Deo, ut viam parans in deserto (c Mar 1,3; Luc 3,4) altissimae paupertatis, tam exemplo quam verbo poenitentiam praedicaret (cfr. Is 40,3; Luc 24,47). 
6 Primum supernae gratiae praeventus donis, dehinc virtutis invictae adauctus meritis, prophetali quoque repletus spiritu (cfr. Luc 1,67) nec non et angelico deputatus officio incendioque seraphico totus ignitus et ut vir hierarchicus curru igneo (cfr. 4Re 2,11) sursum vectus, sicut ex ipsius vitae decursu luculenter apparet, rationabiliter comprobatur venisse in spiritu et virtute Eliae (cfr. Luc 1,17). 
7 Ideoque alterius amici Sponsi (cfr. Ioa 3,29), Apostoli et Evangelistae Ioannis vaticinatione veridica sub similitudine Angeli ascendentís ab ortu solis signumque Dei vivi habentis adstruitur non immerito designatus. 
8 Sub apertione namque sexti sigilli vidi, ait Ioannes in Apocalypsi, alterum Angelum ascendentem ab ortu solis, habentem signum Dei vivi (cfr. Apoc 6,12; 7,2).

TEXTO TRADUZIDO

Legenda Maior - Prólogo 1

Prólogo. 

Começa o prólogo à vida de São Francisco. 


1 Nestes últimos tempos, a graça de Deus, nosso Salvador, apareceu em seu servo Francisco para todos os verdadeiramente humildes e amigos da santa pobreza, que, venerando nele a superabundante misericórdia de Deus, são instruídos por seu exemplo a abnegar pela raiz à impiedade e aos desejos deste século, a viver em em conformidade com Cristo e a terem sede do desejo incansável da bem-aventurada esperança. 
2 Pois para ele, que era verdadeiramente pobrezinho e contrito, o Deus excelso olhou com tamanha condescendência da bondade, que não só ergueu o miserável do pó do comportamento mundano, mas também o deu à luz dos que crêem como alguém que professou a perfeição evangélica, feito guia e pregoeiro, para que, dando testemunho da luz, preparasse para o Senhor o caminho da luz e da paz para os corações dos fiéis. 
3 Pois este, como a estrela da manhã no meio das nuvens, brilhando pelos claros fulgores da vida e da doutrina, orientou para a luz, com uma irradiação mais do que fulgurante, os que estavam sentados nas trevas e na sombra da morte. 
4 E como um arco refulgindo entre as nuvens da glória, representando em si um sinal da aliança do Senhor, evangelizou aos homens a paz e a salvação. 
5 Sendo ele mesmo um anjo da verdadeira paz, também de acordo com a semelhança imitatória do Precursor destinado por Deus para que, preparando o caminho no deserto, pregasse a penitência da altíssima pobreza, tanto pelo exemplo como pela palavra. 
6 Preparado primeiro com os dons da graça superna, e depois feito crescer com os méritos da virtude invicta, repleto também do espírito da profecia, e ainda deputado ao ofício dos anjos e todo aceso pelo incêndio seráfico, e como um homem hierárquico levado ao alto por um carro de fogo, como aparece sobre abundantemente pelo correr de sua vida, está comprovado racionalmente que veio com o espírito e a virtude de Elias. 
7 Por isso, não sem mérito, foi construído como designado pelo vaticínio verídico de João Apóstolo e Evangelista, outro amigo do Esposo, sob a semelhança de um Anjo subindo do nascer do sol e tendo o selo do Deus vivo. 
8 Pois João disse no Apocalipse: quando se abriu o sexto selo, eu vi um outro Anjo subindo do nascer do sol, levando o selo do Deus vivo (cfr. Ap 6,12; 7,2).