As Irmãs de Santa Clara, que tiveram que observar a Regra de São Bento até 1219, a do Cardeal Hugolino até 1247, a de Inocêncio IV até 1253 e tiveram finalmente, nesse ano, a de Santa Clara, que valeu para muito poucas Irmãs. Ainda receberam a Regra da Beata Isabel de França em 1259, corrigida em 1263. Nesse mesmo ano, foi publicada a de Urbano IV, na Bula Beata Clara. Com Santa Coleta de Córbia e com a Bem-aventurada Maria Lorenza Longo, fundadora das Clarissas Capuchinhas, puderam voltar à Regra de Santa Clara, valendo apenas para as Coletinas e para as Capuchinhas. A maior parte dos mosteiros continuou a usar até o século XX a Regra que chamavam de “a segunda” e distinguia as Clarissas Urbanistas.
Foi a grande renovação franciscana do século XX que lhes devolveu a suas Irmãs a inspirada Regra de Santa Clara.
Como se explica isso? Por diversas razões. Uma delas foi o fato de todos os mosteiros terem sempre sido autônomos, caminhando para onde queriam ou para onde os que tinham força na Igreja os encaminhavam.
A razão mais forte, entretanto, parece ter sido a resistência para entender Santa Clara: tão franciscana, tão livre, tão aberta e tão pobre.
Ainda acrescento mais: a Regra de Santa Clara é tão feminina que os patriarcas da vida religiosa sempre tiveram dificuldade para aceitar que viver na sua Ordem pudesse ser tão livre de tantas determinações e tão livre da liberdade que só a pobreza dá.
A Regra de Urbano IV teve o mérito de inventar o nome Clarissas e de unificar bastante a variedade de caminhos a que as Irmãs tinham sido induzidas. Mas a pobreza francisclariana ficou reservada, com poucas exceções, aos privilegiados seguidores de Clara e Francisco que tiveram a graça de aderir a eles no final do século XX e no XXI.
Um dos problemas que está por trás de toda essa história é o relacionamento das Clarissas com os Franciscanos. Em certo tempo houve até um cardeal protetor para cada grupo. Foi quando isso não deu certo que o Cardeal Caetano Orsini redigiu a Regra que Urbano IV aprovou no dia 18 de outubro de 1263.
Estamos colocando aqui o texto inteiro da Regra de Urbano IV porque é um excelente documento para nossas comparações quando estivermos buscando as profundas originalidades de Santa Clara.
O texto está no Bullarium Franciscanum, II 509-521 e Epítome 276-288 n. XLII). Também chamamos a atenção para os trabalhos que estão no Arquivum Franciscanum Historicum de 1910 e de 1911.
Estamos usando a sigla FvUr acompanhada pelo Prólogo (Pro) pelos números dos capítulos, de 1 a 26. Mas o mais importante serão as notas de rodapé que tencionamos colocar em todos os capítulos, mostrando as diferenças e chamando a atenção para os pontos mais importantes.