Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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TEXTO ORIGINAL

Speculum perfectionis - 14

Caput 14. De exsecratione pecuniae et qualiter punivit fratrem qui tetigit pecuniam.

1 Verus amicus et imitator Christi Franciscus omniaquae mundi sunt (cfr. 1Cor 7,33) perfecte despiciens, super omnia exsecrabatur pecuniam; et ad fugiendam ipsam tanquam diabolum fratres suos semper verbo et exemplo induxit. 2 Haec enim ab ipso sollertia data erat fratribus ut stercus et pecuniam uno amoris pretio ponderarent.
3 Accidit ergo die quadam (cfr. Gen 39,11) ut saecularis quidam ecclesiam Sanctae Mariae de Portiuncula oraturus intraret, et oblationis causa pecuniam poneret juxta crucem; quam, illo recedente, frater quidam, simpliciter manu contingens, projecit eam in fenestram. 4 Cum autem dictum fuisset hoc beato Francisco, frater ille deprehensum se videns, statim recurrit ad veniam; et, humo prostratus se obtulit ad verbera. 5 Arguit eum sanctus et de pecunia tacta durissime increpavit, jussitque eum ore proprio levare pecuniam de fenestra et extra sepem loci portare, et ponere eam ore proprio super stercus asini.
6 Dum autem frater ille gratanter impleret jussum repleti sunt omnes videntes et audientes timore maximo, et ex tunc magis comtempserunt pecuniam stercori asini comparatam, atque novis exemplis quotidie animabantur ad ipsam penitus contemnendam.

TEXTO TRADUZIDO

Espelho da Perfeição - 14

Capítulo 14. A maldição do dinheiro e como puniu um frade que tocou o dinheiro.

1 Verdadeiro amigo e imitador de Cristo, Francisco, despreza­ndo perfeitamente todas as coisas do mundo (cf. 1Cor 7,33), exe­crava sobretudo o dinheiro; pela palavra e pelo exemplo, levou seus frades a fugir dele como do demônio. 2 Ensinava aos frades a esperteza de dar o mesmo valor ao esterco e ao dinheiro.
3 Um dia, aconteceu (cf. Gn 39,11) que um secular entrou na igreja de Santa Maria da Porciúncula para rezar e, para dar uma esmola, pôs uma moeda junto à cruz. Assim que ele se retirou, com simplicidade, um frade a tomou na mão e a colocou numa janela. 4 Quan­do o fato foi relatado ao bem-aventurado Francisco, vendo-se descoberto, o frade imediatamente pediu perdão e, prostrado por terra, ofereceu-se às chicotadas. 5 O santo censurou-o e repreen­deu duramente por ter tocado o dinheiro e mandou que o retirasse da janela com a boca, que o levasse para fora da sebe do lugar e, com a própria boca, o colocasse sobre o esterco de um asno.
6 Enquanto o frade executava com gratidão o que lhe fora orde­nado, todos os que viram ou ouviram foram tomados de grande temor e, daí em diante, desprezaram ainda mais o dinheiro, com­parado ao esterco do asno; e, com novos exemplos, diariamente eram animados a desprezar sempre mais o dinheiro.