Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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TEXTO ORIGINAL

Speculum perfectionis - 97

Caput 97. Qualiter docebat fratres satisfacere necessitatibus corporis ne oratio amittatur.

1 Considerans et intelligens pater sanctissimus propter animam corpus esse creatum, et actus corporales propter spirituales esse agendos, dicebat: 2 “Servus Dei, in comedendo et dormiendo et alias necessitates corporis sumendo, debet cum discretione suo corpori satisfacere, ita quod frater corpus non valeat murmurare dicens: 3 “Non possum stare erectus et insistere orationi, nec in tribulationibus meis laetari, nec alia bona opera operari, quia non satisfacis indigentiae meae”.
4 “Si enim servus Dei cum discretione et satis bono et honesto modo suo corpori satisfaceret, et frater corpus vellet esse negligens et pigrum vel somnolentum in oratione, vigiliis et aliis bonis operibus, 5 tunc deberet ipsum castigare tanquam malum et pigrum jumentum quia vult comedere et non vult lucrari et onus portare.
6 Si vero, propter inopiam et paupertatem, frater corpus necessitates suas in sanitate et infirmitate habere non potest, dum humiliter et honeste petierit a fratre vel praelato suo, amore Dei, et sibi non datur; 7 sustineat, amore Dei, patienter, qui etiam sustinuit qui eum consolaretur, et non invenit (cfr. Ps 68,21)8 Ethaec necessitas cum patientia pro martyrio sibi a Domino imputabitur. Et quia fecit quod suum est, id est quia petiit humiliter suam necessitatem, excusatur a peccato, etiam si corpus inde gravius infirmaretur”.

TEXTO TRADUZIDO

Espelho da Perfeição - 97

Capítulo 97. Como ensinava os frades a satisfazer as necessi­dades do corpo, para não perder a oração.

1 Considerando e compreendendo que o corpo foi criado para a alma e que as ações corporais devem ser realizadas em vista das espirituais, o pai santíssimo dizia: 2 “O servo de Deus deve satisfa­zer razoavelmente seu corpo no comer, no dormir e nas outras ne­cessidades corporais, de modo que o irmão corpo não tenha moti­vo de murmurar, dizendo: 3 Não posso ficar de pé e continuar em oração nem me alegrar em minhas tribulações ou fazer outras boas obras, porque não satisfazes as minhas necessidades’.
4 Mas, se o servo de Deus, satisfizer com discrição, de modo suficiente e correto o seu corpo e o irmão corpo quiser ser ne­gligente e preguiçoso ou sonolento na oração, nas vigílias e nas outras boas obras, 5 então deve castigá-lo como um jumento mau e preguiçoso, porque quer comer e não quer ser útil e carregar o peso.
6 Mas, se, por causa da indigência e da pobreza, o irmão cor­po não puder ver satisfeitas as suas necessidades na saúde e na doença, mesmo que tenha recorrido com humildade e educação, por amor de Deus, a seu irmão ou prelado e não lhe tiver sido dado, 7 suporte pacientemente, por amor de Deus, que também procu­rou quem o consolasse e não encontrou (cf. Sl 68,21). 8 E a necessidade, suportada com paciência, lhe será creditada pelo Senhor como martírio. E porque fez o que devia, isto é, pediu hu­mildemente o que era necessário, está isento de pecado, mes­mo que, por isso, o corpo fique mais gravemente doente”.