Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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  • Fontes Biográficas
  • Espelho da Perfeição Menor

TEXTO ORIGINAL

Speculum Perfectionis (minus) - 4

[4]
1 Cum in palatio episcopatus Assisii beatus Franciscus iaceret valde infirmus, ad consolandum tamen spiritum suum, ne deficeret aliquando ex magnis et diversis suis infirmitatibus sepe de die suos socios [Laudes Domini] cantare faciebat, quas ipsemet longo tempore ante in sua infirmitate fecerat, 2 similiter etiam de nocte; maxime ad hedificationem illorum custodum, qui de nocte extra palatium propter ipsum evigilabant. 
3 Cumque consideraret frater Helias, quod beatus Franciscus ita se confortaret et gauderet in Domino in tanta infirmitate positus, quadam die dixit ad ipsum: 4 “Carissime pater, de omni letitia, quam pro te et pro sociis tuis in tanta afflictione et infirmitate ostendis sum plurimum consolatus et edificatus; 5 sed licet in vita et in morte homines istius civitatis te venerentur pro sancto, quia tamen credunt firmiter propter tuam magnam et incurabilem infirmitatem te in proximo rnoriturum, audientes huiusmodi laudes cantari, possent cogitare aut dicere inter se: 6 ”Quomodo tantam letitiam hic ostendit, qui est prope mortem? Deberet enim de morte cogitare”.
7 Dixit ad eum beatus Franciscus: “Recordare, cum apud Fulgineum visionem vidisti et dixisti michi, quod quidam dixit tibi, quod non deberem vivere nisi duobus annis. 8 Antequam illam visionem videres per gratiamSancti Spiritus, qui omne bonum suggerit (cfr. Ioa 14,26) in corde et in ore ponit (cfr. Is 59,21) fidelium suorum, sepe de die et de nocte considerabam finem meum (cfr. Ps 38,5); 9 sed ab illa hora, qua vidisti visionem, cotidie fui magis sollicitus considerare diem mortis”. 10 Et ait cum magno fervore spiritus: “Dimitte me, frater, gaudere in Domino (cfr. Phip 4,4) et laudibus eius et infirmitatibus meis, 11 quoniam, gratia Spiritus Sancti cooperante, ita sum unitus et coniunctus cum Domino meo, quod per misericordiam suam bene possum in ipso iocundari Altissimo”.

TEXTO TRADUZIDO

Espelho da Perfeição Menor - 4

[4]
1 Quando o bem-aventurado Francisco jazia muito doente no episcopado de Assis, para confortar sua alma e impedir que desfalecesse por suas grandes e variadas enfermidades, muitas vezes mandava que, durante o dia, seus companheiros cantassem os [Louvores do Senhor[ que, muito tempo antes e durante sua do­ença, ele próprio compusera 2 e, também durante a noite, sobretu­do para a edificação dos guardas que por causa dele vigiavam fora do palácio.
3 Vendo que o bem-aventurado Francisco se confortava e ale­grava no Senhor em tão grande enfermidade, um dia Frei Elias lhe disse: 4 “Caríssimo pai, estou muito consolado e edificado por toda a alegria que por ti e por teus companheiros mostras em tamanha aflição e enfermidade; 5 contudo, embora as pessoas desta cidade te venerem como santo na vida e na morte, como acreditam firmemente que devido à tua grande e incurável doença estás perto de morrer, ouvindo cantar tais louvores, pode­riam pensar ou dizer entre si: 6 “Como pode ele mostrar tanta ale­gria, se está perto da morte? Deveria, antes, pensar na morte”.
7 Disse-lhe o bem-aventurado Francisco: “Lembra-te:quando tiveste uma visão em Foligno e me disseste que alguém te revelou que eu não deve­ria viver senão dois anos. 8 Antes de teres aquela visão, por graça do Espírito Santo, que sugere todo (cf. Jo 14,26) o bem ao cora­ção e o põe na boca (cf. Is 59,21) de seus fiéis, muitas vezes, de dia e de noite, eu refletia sobre meu fim (Sl 38,5); 9 mas desde a hora em que tiveste a visão, fui cada dia mais solícito em consi­derar o dia da morte”. 10 E acrescentou com grande fervor de espí­rito: “Irmão, permite que eu me alegre no Senhor (cf. F1 4,4), nos seus louvores e nas minhas enfermidades, 11 porque, pela coope­ração da graça do Espírito Santo, estou tão unido e ligado a meu Senhor, que por sua misericórdia posso muito bem alegrar-me nele, o Altíssimo”.