Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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TEXTO ORIGINAL

São Boaventura - às Clarissas

1 In Christo Iesu filiabus dilectis, abbatissae Dominarum Pauperum de Assisio monasterii Sanctae Clarae ac eiusdem sororibus universis, frater Bonaventura, Ordinis fratrum minorum generalis minister et servus, salutem et cum beatissimis virginibus paratis, quocumque ierit Agnus, sequi (cfr. Apoc 14,4). 
2 Intelligens nuper, dilectae in Domino filiae, per carissimum nostrum fratrem Leonem, quondam socium sancti Patris, quomodo velut sponsae regis aeterni servire Christo pauperi crucifixo in omni puritate studeatis, gavisus in Domino vehementer, devotionem vestram exhortans praesentibus et inducens, ut beatissimae matris vestrae, per pauperculum sanctum Franciscum a Spiritu Sancto edoctae, virtutum vestigia sollicite comitantes, 
3 ‘nihil aliud sub caelo habere velitis’ nisi quod docuit ipsa mater, videlicet Christum et hunc crucifixum (1Cor 2,2), post cuius sanguinis odorem exemplo matris, filiae dilectae, currentes, paupertatis speculum, humilitatis exemplum, patientiae scutum, obedientiae titulum viriliter apprehendatis, 
4 atque, divini amoris igne succensae, cor vestrum illi totaliter detis, qui pro nobis in cruce suum obtulit Deo Patri, quatenus matris exempli luce vestitae ac sempiternis suaviter inflammatae ardoribus, omniumque virtutum fragrantia redolentes, Christi, Virginis Filii et prudentium virginum Sponsi, bonus odor in his qui salvi fiunt et in his qui pereunt (cfr. 2Cor 2,15), exsistatis. 
5 Ita vigilate, continuatis affectibus, spiritu devotionis ferventes, ut cum, facto clamore, Sponsus advenerit, plenis lampadibus mentium oleo caritatis ct gaudii, ei fideliter obviare possitis, cum ipso, fatuis exclusis virginibus, ad aeternae iucunditatis nuptias intraturae ubi Christus sponsas suas discumbere faciet cum angelis et electis, et transiens ministrabit illis, panem scilicet vitae et carnes Agni occisi, et piscem assum in cruce, coctum igne amoris, quo ferventissime vos dilexit, et poculum dabit de vino condito humanitatis et divinitatis suae, quo bibunt amici et sobrietate mirifica inebriantur carissimi (Cfr. Cant 8,2 e 5,1) abscondita quandoque timentibus dulcedinis multitudine perfruentes (Cfr. Ps 30,20), aspicientes semper in illum, qui est speciosus forma non solum prae filiis hominum, verum etiam prae millibus angelorum, immo in quem desiderant angeli prospicere, quia candor est lucis aeternae et speculum sine macula Dei maiestatis et splendor gloriae paradisi (Ps 44,2; 1Pet 1,12; Sap 7,26; Heb 1,3). 
6 Huic ergo, carissimae filiae, tamquam bono nostro perpetuo iugiter adhaerentes, cum bene vobis fuerit, me peccatorem suae ineffabili clementiae commendate, assidue deprecantes, quatenus ad sui mirabilis nominis gloriam et honorem, in salutem pauperculi Christi gregis mihi commissi, misericorditer dirigere gressus meos valeat.

TEXTO TRADUZIDO

São Boaventura - às Clarissas

1 Às queridas filhas em Cristo, à abadessa das Senhoras Pobres de Assis do mosteiro de Santa Clara e a todas as suas irmãs: Frei Boaventura, ministro geral e servidor da Ordem dos frades menores, saúda e deseja que sigam o Cordeiro onde ele for, na companhia das felicíssimas virgens preparadas. 
2 Informado há pouco, filhas queridas no Senhor, pelo nosso caríssimo Frei Leão, companheiro do santo pai em outros tempos, sobre o vosso esforço para seguir o pobre Cristo crucificado com toda a pureza, alegrei-me enormemente no Senhor. Por esta carta quero exortar e animar vossa devoção para que sigais com solicitude os vestígios de virtude de vossa mãe santíssima, instruída pelo Espírito Santo através de São Francisco pobrezinho. 
3 E “nada mais queirais ter abaixo do céu” a não ser o que vossa mãe vos ensinou, isto é, Cristo, e ele mesmo crucificado, e a exemplo da mãe, filhas diletas, corrais atrás do perfume de seu sangue, abraçando virilmente o espelho de pobreza, o exemplo de humildade, o escudo de paciência, o título de obediência. 
4 Abrasadas no fogo do amor divino, dai todo o vosso coração por aquele que por nós deu na cruz o seu ao Pai, para que, vestidas com a luz do exemplo de vossa mãe e suavemente inflamadas pelos ardores eternos, trescalando o perfume de todas as virtudes, sejais o bom odor de Cristo, Filho da Virgem e Esposo das virgens prudentes, tanto para os que se salvam como para os que se perdem. 
5 Vigiai de tal maneira, com afetos incessantes, fervorosas no espírito da devoção, que, quando se ouvir o clamor e chegar o Esposo, possais ir fielmente ao seu encontro com as lâmpadas cheias do óleo do amor e da alegria, prontas para entrar com ele nas bodas da felicidade eterna, com exclusão das virgens loucas. Lá Cristo vai acomodar suas esposas com os anjos e os eleitos, e passará para servir-lhes o pão da vida, a carne do Cordeiro imolado, o peixe assado na cruz, cozido no fogo do amor em que vos amou fervorosamente. Dar-vos-á a beber o vinho mesclado de sua humanidade e divindade, de que bebem os amigos e se inebriam os mais queridos com admirável sobriedade. Desfrutarão de vez em quando da transbordante doçura reservada aos que o temem, enxergando sempre aquele que é o mais formoso não só entre os filhos dos homens mas também entre os milhares de anjos, aquele a que os anjos desejam contemplar, porque é o candor da luz eterna e o espelho sem mancha da majestade de Deus, esplendor da glória do paraíso. 
6 Filhas caríssimas,uni-vos para sempre a Ele que é o nosso bem perpétuo e, quando vos for oportuno, recomendai à sua inefável clemência a mim que sou pecador, rezando assiduamente para que possa dirigir misericordiosamente os meus passos para a glória e a honra de seu nome admirável, para salvação do rebanho pobrezinho que a mim foi confiado.