Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

  • Fontes Franciscanas
  • Fontes Biográficas
  • Espelho da Perfeição Menor

TEXTO ORIGINAL

Speculum Perfectionis (minus) - 21

[21]
1 Dicebat beatus Franciscus: “Si scirent fratres, quot tribulationes faciunt michi demones, nullus esset illorum, quin pietatem magnam haberet de me et compassionem”. 2 Et ideo, sicut multotiens dixit sociis suis, non poterat de se satisfacere fratribus et ostendere illis aliquando familiaritatem, sicut fratres desiderabant.
3 Postquam exivit de seculo beatus Franciscus, noluit iacere in culcitra, neque ad caput habere pulvinar de penna occasione infirmitatis vel aliqua occasione, 4 nisi semel, quando erat infirmus in oculis et fratres coegerunt eum ultra voluntatem suam, ut teneret ad caput quoddam pulvinar plenum pluma, 5 quod acquisiverat dominus Iohannes de Grecio, quem sanctus diligebat magno affectu. 6 In qua nocte non potuit dormire sanctus, quia diabolus intraverat in id pulvinar, nec erectus stare [ad] orationem. 7 Quod postquam cognovit sanctus, eiecit illud et dixit ad socium suum: 8 ”Nimis est astutus et subtilis diabolus, quoniam, ex quo per misericordiam Dei (cfr. Rom 12,1)et eius gratiam non potest michi nocere in anima, vult impedire necessitatem corporis, 9 videlicet ut non possim dormire, neque stare erectus ad orationem ad impediendum devotionem et letitiam cordis, et ut immurmurem de infirmitate”.

TEXTO TRADUZIDO

Espelho da Perfeição Menor - 21

[21]
1 Dizia o bem-aventurado Francisco: “Se os frades soubessem quantos sofrimentos me causam os demônios, nenhum deles deixaria de ter  grande piedade e compaixão por mim”. 2 E, por isso, como muitas vezes disse a seus companheiros, não podia atender a todos os frades e demonstrar-lhes de vez em quando a familiaridade, como os frades desejavam.
3 Depois que deixou o século, o bem-aventurado Francisco não quis deitar-se num acolchoado nem ter sob a cabeça um travesseiro de penas por ocasião de sua doença ou em qualquer ocasião, 4 a não ser uma vez, quando estava doente dos olhos e os frades o obrigaram con­tra a sua vontade a ter sob a cabeça um travesseiro cheio de penas, 5 comprado pelo senhor João de Grécio, que o santo amava com grande afeto. 6 Naquela noite, o santo não pôde dormir nem ficar de pé a rezar, porque o diabo entrou no travesseiro. 7 Depois que o santo soube disso, jogou-o fora e disse a seu companheiro: 8 “O di­abo é muito esperto e ardiloso, pois, já que por misericór­dia de Deus (cf. Rm 12,1) e sua graça não pode prejudicar-me na alma, quer impedir a necessidade do corpo, 9 isto é, que eu não pos­sa dormir nem ficar em pé a rezar para impedir a devoção e a ale­gria do coração e para que eu murmure contra a doença’’.