Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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  • Fontes Biográficas
  • Juliano de Spira
  • Vida de São Francisco

TEXTO ORIGINAL

Vita Sancti Francisci - 7

7.

1 Igitur pater illius, quidnam de ipso factum esset ignorans, quam plurimum sollicitus esse non destitit, donec ei tandem post longam inquisitionem innotuit, qualiter in loco praefato filius eius misere degendo delituit.

2 Turbatus itaque non mediocriter ad subitum rei eventum, convocatis amicis (cfr. Luc 15,9) et notis, sine mora cucurrit ad locum.

3 Sed novo Christi militi, adventum minasque persequentium audienti, irae locum dare (cfr. Rom 12,19) complacuit; et ne videretur a patre, cuidam caveae, quam ad hoc ante providerat, se immersit.

4 In hac ergo quasi per mensem integrum latitanti ab uno solo forsitan locum sciente clandestinum impendebatur obsequium;

5 et inde raro vix aliqua necessitate compulsus egrediens, divinam illic clementiam in ieiuniis et fletu (cfr. Ioel 2,12) non desiit implorare, ut a persequentium manibus ipsum dignaretur eripere (cfr. Ps 30,16).

6 Infusa est proinde in tenebris exoranti mira quaedam et inexperta laetitia, ex qua subito in tantam mentis animatur constantiam, ut non solum, persecutoribus spretis, in publicum prodeat, verum etiam, quia segniter latuerit, torporis et ignaviae se graviter arguat.

7 Videntes itaque noti eius virum a statu pristino penitus alteratum macieque et squalore confectum, non id supernae gratiae sed dementiae potius imputabant; et eidem miserabiliter insultantes, luto eum et lapidibus impetebant.

8 Sed vir Dei (cfr. Iudc 13,8) nulla fractus injuria, velut aure surda transibat et gratias illi, a quo desuper confortabatur, agebat.

9 Tandem rumor auribus patris insonuit, suum taliter filium comparuisse; qui, non paterno sed ferali modo festinus accurrens, coepit in illum plus caeteris omnibus insanire.

TEXTO TRADUZIDO

Vida de São Francisco - 7

7.

1 Seu pai, não sabendo o que acontecera, ficou muito preocupado, até que, depois de muito pro­curar, descobriu que o filho fora morar misera­velmente naquele lugar.

2 Então, não pouco perturbado diante do repentino acontecimento, convocou os amigos e os conhecidos (Lc 15,9) e, sem demora, correu para o local.

3 Mas ao ouvir a chegada e as ameaças dos perseguidores, o novo soldado de Cristo permitiu que dessem lugar à ira (Rm 12,9) e, para não ser visto pelo pai, escondeu-se numa cova que preparara antes para isso.

4 Nela ficou quase um mês inteiro, recebendo talvez de uma única pessoa que conhecia o lugar uma ajuda clandestina.

5 Só saía de lá raramente e só por necessidade, e não cessava de implorar a divina clemência com jejuns e lágrimas (Joel 2,12), para que se dignasse livrá-lo das mãos dos perseguidores (Sl 30,16).

6 Enquanto assim rezava em trevas, foi-lhe infundida uma ale­gria admirável e jamais experimentada, de modo que de repente se sentiu animado por tal constância de espírito que saiu a pú­blico, não só desprezando os perseguidores, mas tam­bém se censurando severamente pela indolência e covardia de ficar tanto tempo.

7 Quando os conhecidos o viram tão mudado, pálido e emagrecido, não atribuíram isso à graça, mas à loucura e, insultando-o de forma miserável, come­çaram a atirar-lhe barro e pedras.

8 Mas o homem de Deus (Jz 13,8) sem se abater por nenhuma injúria, passou entre eles como se tivesse os ouvidos tapados e dando graças àquele que do alto o confortava.

9 Por fim, chegou aos ouvidos do pai que o filho aparecera naquelas condições, e ele acorreu depressa, não como pai, mas como uma fera, começando a endoidecer contra ele mais do que os outros.