Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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  • Vida de São Francisco

TEXTO ORIGINAL

Vita Sancti Francisci - 21

Caput IV - Qualiter a Papa regulam et praedicandi auctoritatem accepit; in solitudine refectus est; perpetuo pauper esse et proximis proficere statuit; et quam districta se et suos vigilantia custodivit. 

21.

1 Cernens igitur beatus Franciscus passim accrescere numerum fratrum, plenius illis exposuit cordis sui propositum, necnon et divinae revelationis arcanum.

2 Brevi ergo regulam sermone conscripsit, interpositis in illa sacris Evangelii verbis, ad cuius perfectionem, quantum poterat, anhelavit.

3 Desiderans autem quae scripserat a summo Pontifice confirmari, undecim quos habuit secum fratres assumpsit (cfr. Mar 14,33; Luc 18,31) et Romam cum illis duodecimus ipse perrexit.

4 Quo perveniens, ad quemdam ex episcopis cardinalibus, virum probatum et discretum, accessit, eique per ordinem adventus sui causam plenius explanavit.

5 Qui, diligenter audito pauperum Christi negotio, etsi propositum tam laudabile non immerito commendaret, in primis tamen illi suggessit, ut ad vitam eremiticam sive monasticam se transferret.

6 Sed famuli Christi constantia coepto perseveranter insistens, persuasiones huiusmodi quanto poterat humilius non admisit.

7 Qui et usque adeo tandem Domino cooperante (cfr. Mar 16,20) praevaluit, donec, eodem episcopo fideliter procurante, ad summi Pontificis audientiam res pervenit.

8 Concomitabatur quoque beatum virum divina providentia in omnibus quae agebat, et securum per crebras revelationes visionesque reddebat.

9 Vidit etiam tunc temporis visionem, suo domini Papae consensum proposito pollicentem: quamdam videlicet arborem magnam miracque proceritatis (cfr. Dan 4,7), cuius ipse cacumen manibus leviter ad terram usque deflexit.

10 Quod utique rei exitus evidenter postmodum comprobavit, dum se ad condescendendum viro pauperi vir excellentissimus et magnanimus, dominus videlicet Innocentius papa tertius, qui tunc Ecclesiae praeerat, inclinavit.

11 Dans igitur duodenario fratrum pium summus Pontifex de regula confirmanda consensum, dans et eisdem de poenitentia praedicanda mandatum, cum gaudio illos data benedictione dimisit;

12 sed et eisdem adhuc ampliora multiplicatis in posterum compromisit.

TEXTO TRADUZIDO

Vida de São Francisco - 21

Capítulo IV - Como recebeu do papa a Regra e a autoridade para pregar; é reconfortado na solidão; decidiu viver perpetua­mente pobre e a serviço do próximo; e a vigilância estrita com que guardou a si mesmo e aos seus. 

21.

1 Vendo o bem-aventurado Francisco que o número de frades crescia com freqüência, expôs melhor para eles qual o propósito de seu coração e também o segredo da revelação divina.

2 Por isso, escreveu em poucas palavras uma Regra, intercalando nela palavras sagradas do Evangelho, cuja perfeição desejava com todas as suas forças.

3 Mas como desejava que o que escrevera fosse confirmado pelo Sumo Pontífice, tomou consigo (Mc 14,33; Lc 18,31) os onze ir­mãos que tinha e, como décimo segundo, partiu para Roma.

4 Lá chegando, dirigiu-se a um cardeal-bispo, homem provado e dis­creto, e lhe explicou melhor, em ordem, o motivo de sua vinda.

5 Este, tendo ouvido com benevolência o propósito dos pobres de Cristo, embora com razão aprovasse tão louvável propósito, sugeriu-lhe primeiro que se passasse para a vida eremíti­ca ou monástica.

6 Mas, insistindo perseverantemente a constância do servo de Cristo no que tinha iniciado, não aceitou esses conselhos com toda a humildade possível.

7 E as­sim foi até que, com a cooperação do Senhor (Mc 16,20), acabou prevalecendo e o causa chegou ao Sumo Pontífice com ajuda fiel do bispo.

8 A divina Providência acompanhava o bem-aventurado homem em tudo que fazia e tornava-o seguro por freqüentes revela­ções e visões.

9 Naquela ocasião também teve uma visão que ante­cipava o consenso do senhor papa ao seu propósito: uma ár­vore grande, de admirável altura (Dn 4,7), cuja ponta ele dobrou facilmente com até o chão, com as mãos.

10 Isso foi confirmado depois evidentemente pelo fato, quando aquele ex­celentíssimo e magnânimo homem, o senhor Papa Inocêncio III, que então governava a Igreja, se inclinou condescendente para o pobre.

11 Dando o Sumo Pontífice seu consentimento para a regra aos doze frades, dando-lhes também o mandato para pregarem a penitência, despediu-os com alegria, dando-lhes a bênção.

12 Mas também prometeu-lhes que, quando se multiplicassem, faria concessões mais amplas.