Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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  • Juliano de Spira
  • Vida de São Francisco

TEXTO ORIGINAL

Vita Sancti Francisci - 45

45. 1 Quanto autem, putas, erga pauperes homines compassionis ardore fervebat, qui tanta non solum ad animalia bruta, verum etiam ad insensibiles et infimas affluebat pietatis dulcedine creaturas? 2 Nam hic vere pauperum patriarcha omnium pauperrimus esse desiderans, etsi supra vilem tunicam nihil possessionis appeteret, noluit tamen in hac unica necessitate parcere sibi ipsi, quin et illam pluries indigenti cuiquam promptissime cuperet impertiri. 3 Vestes quoque diversas a divitibus in hieme postulabat, quas, illis libentissime dantibus, ita ut nec ad restitutionem teneretur, accipiens, eas egenis, quos prius habere contingeret obvios, in frigore porrigebat. 4 Gravissimum erat illi, si alicui pauperum verbo vel facto perciperet quidquam molestiae fieri. 5 Audiens enim tempore quodam unum e fratribus pauperi cuidam huiusmodi verbum invectionis inferre: “Vide ne forsitan falso simules paupertatem!”, 6 durius increpatum fecit coram eodem paupere nudum procidere et, pedibus eius deosculatis humiliter ab ipso vendam postulare. 7 Ait enim: “Qui pauperi maledicit, Christo facit injuriam, cuius nobile signum gerit, qui voluntarie pauperem pro nobis in hoc mundo se fecit”. 8 Ipse quoque, etsi minimum quid haberet corporalium virium, humeros tamen proprios saepius ad sublevanda supposuit onera pauperum. 9 Quorum etiam pio zelo multa alia faciebat frequentius in hunc modum, quae, nisi brevitati studeremus, scribere non fuisset indignum.

TEXTO TRADUZIDO

Vida de São Francisco - 45

45. 1 E até que ponto crês que fervia o ardor de sua compaixão pelos pobres, se tinha tanta doçura e compaixão não só pelos animais irracionais, mas também pelas criaturas insensíveis e ínfimas? 2 Pois este verdadeiro patriarca dos pobres desejava ser realmen­te o mais pobre de todos; e mesmo que não desejasse possuir mais do que uma mísera túnica, nem com essa única necessidade poupou a si mesmo se, várias vezes, esteve pronto a cedê-la a quem precisasse. 3 Durante o inverno, pedia emprestadas aos ricos várias peças de roupa, que eles davam com a maior boa vontade sem obrigação de restituí-las; ele aceitava e depois dava, no frio, aos primeiros pobres que encontrava. 4 Para ele era muito grave quando via que por palavra ou ato algum pobre era molestado. 5 Pois, uma vez, ouvindo um irmão insultar um pobre com essas palavras: “Será que não estás apenas aparentando pobreza!” 6ele o repreendeu mais duramente e mandou que se lançasse despido diante do pobre, lhe beijasse os pés e, humildemente, lhe pedisse perdão. 7 Dizia: “Quem injuria um pobre ofende a Cristo, de quem é um nobre sinal, já que volun­tariamente ele se fez pobre por nós neste mundo”. 8 Ele próprio, mesmo reduzido a um mínimo de forças corpo­rais, carregava muitas vezes o fardo dos pobres sobre os ombros. 9 Por piedoso zelo para com eles, fazia freqüentemente muitas outras coisas desse jeito, que, se não por querermos ser breves, seria bom escrever.