TEXTO ORIGINAL
15.
1 Unde cum sederet aliquando ad manducandum cum saecularibus et dabantur ei aliqua cibaria delectabilia corpori suo, parum gustabat ex eis, aliquam excusationem praetendens ne videretur ea propter abstinentiam dimisisse.
2 Et quando comedebat cum fratribus, in cibis quos edebat saepe ponebat cinerem, dicens fratribus in abstinentiae suae velamen, fratrem cinerem esse castum.
3 Cum autem semel ad manducandum sederet, dixit ei quidam frater quod beata Virgo in hora comestionis ita fuerat paupercula quod non habebat quid daret filio suo ad manducandum.
4 Quod audiens, vir Dei suspiravit cum magno dolore, mensaque relicta, panem super nudam terram comedit.
5 Multotiens vero cum sederet ad manducandum, parum post comestionis initium subsistebat non comedens neque bibens, suspensus circa caelestia meditanda.
6 Nolebat enim tunc verbis aliquibus impediri, alta suspiria ex intimo cordis emittens, dicebat etiam fratribus, ut semper cum audirent eum taliter suspirantem, laudarent Deum et pro ipso fideliter exorarent.
7 Haec de suo fletu et abstinentia diximus incidenter ut ostenderemus ipsum post dictam visionem et allocutionem imaginis Crucifixi fuisse usque ad mortem semper Christi passioni conformem.
TEXTO TRADUZIDO
15.
1 Por isso, quando se sentava alguma vez com seculares para comer e lhe davam alguns alimentos gostosos para o seu corpo, provava um pouquinho deles, dando alguma desculpa para não mostrar que se omitira por abstinência.
2 E quando comia com os irmãos, muitas vezes colocava cinza nos alimentos dizendo aos frades que, para velar por sua abstinência, a irmã cinza era casta.
3 Certa vez, estando sentado para comer, um irmão contou-lhe que a bem-aventurada Virgem era tão pobrezinha, que não tinha o que dar de comer ao seu Filho na hora do almoço.
4 Ouvindo isto, o homem de Deus suspirou com grande dor, e, deixando a mesa, comeu pão sobre a terra nua.
5 Muitas vezes, porém, estando à mesa para comer, logo de início, parava, deixava de comer e beber, absorto na meditação das coisas celestiais.
6 Não queria, então, que o impedissem com algumas palavras, soltando altos suspiros do íntimo do coração. Dizia também aos irmãos que sempre que o ouvissem suspirar desta maneira louvassem a Deus e pedissem fielmente por ele.
7 Narramos estas coisas acerca do seu pranto e de sua abstinência, incidentalmente, para mostrar que, depois da visão e das palavras do Crucifixo, tornou-se sempre conforme à paixão de Cristo, até à morte.