Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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  • Legenda dos Três Companheiros

TEXTO ORIGINAL

Legenda Trium Sociorum - 10

10. 
1 Divina igitur gratia sic mutatus, licet adhuc esset in saeculari habitu, cupiebat esse in aliqua civitate ubi tanquam incognitus proprios pannos exueret et alicuius pauperis indumenta mutuo accepta indueret, probaretque amore Dei eleemosynas postulare. 
2 Factum est autem ut tunc temporis Romam, causa peregrinationis, accederet. 
3 Et ingrediens ecclesiam Sancti Petri, consideravit oblationes quorumdam quod essent modicae et ait intra se: “Cum princeps apostolorum sit magnifice honorandus, cur isti tam parvas oblationes faciunt in ecclesia ubi corpus eius quiescit?”. 
4 Sicque cum magno fervore manum ad bursam posuit et plenam denariis traxit eosque per fenestram altaris proiciens, tantum sonum fecit quod de tam magnifica oblatione omnes adstantes plurimum sunt mirati. 
5 Exiens autem ante fores ecclesiae ubi multi pauperes aderant ad eleemosynas petendas (cfr. Act 3,2), mutuo accepit secreto panniculos cuiusdam pauperculi hominis et suos deponens illos induit. 
6 Atque stans in gradibus ecclesiae cum aliis pauperibus eleemosynam gallice postulabat, quia libenter lingua gallica loquebatur licet ea recte loqui nesciret. 
7 Postea vero, exuens dictos panniculos et proprios resumens, rediit Assisium coepitque orare Dominum ut dirigeret viam (cfr. Gen 24,40) suam. 
8 Nemini enim suum pandebat secretum, nec ullius in hac parte consilio utebatur nisi solius Dei qui viam eius dirigere coeperat, et aliquando episcopi Assisii, quia tunc temporis apud nullos erat vera paupertas quem desiderabat super omnia huius mundi, volens in ea vivere atque mori.

TEXTO TRADUZIDO

Legenda dos Três Companheiros - 10

10. 
1 Portanto, assim mudado pela graça de Deus, embora ainda estivesse em hábito secular, desejava estar em alguma cidade, onde, desconhecido, pudesse tirar as próprias roupas e vestir as roupas emprestadas de algum pobre, para experimentar pedir esmolas pelo amor de Deus.
2 Aconteceu que nesse tempo foi a Roma, por causa de uma peregrinação. 
3 Entrando na Igreja de São Pedro, observou que as ofertas de certas pessoas eram pequenas e disse consigo mesmo: “Se o Príncipe dos Apóstolos deve ser honrado com magnificência, como é que essa gente faz ofertas tão mesquinhas na igreja onde repousa o seu corpo?” 
4 Então pôs a mão na bolsa com muito fervor, tirou-a cheia de moedas e as jogou pela janela do altar, fazendo tanto barulho que todos os que estavam presentes ficaram muito admirados com a magnífica oferta. 
5 Saindo à porta da igreja, onde muitos pobres estavam pedindo esmolas, emprestou secretamente os trapos de um homem pobrezinho e, tirando sua roupa, vestiu nele. 
6 Em pé nos degraus da igreja com outros pobres, pedia esmola em francês, porque gostava de falar francês, apesar de não saber falá-la direito. 
7 Depois, tirando os tais trapos e retomando sua roupa, voltou para Assis e começou a orar ao Senhor para que dirigisse seu caminho. 
8 Mas não revelava seu segredo a ninguém e, sobre isto, a nenhuma pessoa pedia conselho, exceto a Deus que começara a orientar o seu caminho, e, algumas vezes, ao bispo de Assis, porque, naquele tempo, não existia em ninguém a verdadeira pobreza que ele desejava acima de tudo neste mundo, nela querendo viver e morrer.