Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

  • Fontes Franciscanas
  • Fontes Biográficas
  • Legenda dos Três Companheiros

TEXTO ORIGINAL

Legenda Trium Sociorum - 13

Caput V - De prima allocutione Crucifixi ad ipsum et qualiter ex tunc portavit in corde passionem Christi usque ad mortem.

13. 
1 Quadam vero die, cum misericordiam Domini ferventius imploraret, ostendit illi Dominus quod sibi diceretur in proximo quid ipsum agere oporteret. 
2 Ex tunc autem tanto repletus est gaudio (cfr. Ps 125,2), quod non se capiens prae laetitia, etiam nolens, de huiusmodi secretis aliquid in aures hominum eructabat. 
3 Caute tamen et in aenigmate loquebatur, dicens se in Apuliam nolle ire sed in patria propria nobilia et ingentia se facturum. 
4 Ut autem socii eius viderent eum ita mutatum, a quibus iam erat elongatus mentaliter licet adhuc corporaliter aliquando sociaretur eisdem, quasi ludendo rursum interrogant eum: “Visne uxorem ducere, Francisce?”. 
5 Quibus respondit sub quodam aenigmate, sicut superius est praemissum. 
6 Paucis autem diebus elapsis, cum ambularet iuxta ecclesiam Sancti Damiani, dictum est illi in spiritu ut in eam ad orationem intraret. 
7 Quam ingressus coepit orare ferventer coram quadam imagine Crucifixi, quae pie ac benigne locuta est ei dicens: “Francisce, nonne vides quod domus mea destruitur? Vade igitur et repara illam mihi”. 
8 Et tremens ac stupens ait: “Libenter faciam, Domine”. 
9 Intellexit enim de illa ecclesia sibi dici, quae prae nimia vetustate casum proximum minabatur. 
10 De illa autem allocutione tanto fuit repletus gaudio et lumine illustratus, quod in anima sua veraciter sensit fuisse Christum crucifixum qui locutus est ei. 
11 Exiens vero ecclesiam, invenit sacerdotem iuxta eam sedentem, mittensque manum ad bursam obtulit ei quamdam pecuniae quantitatem 
12 dicens: “Rogo te, Domine, ut emas oleum et facias continue ardere lampadem coram illo Crucifixo. 
13 Et cum ad hoc opus consumpta fuerit haec pecunia, iterum offeram tibi quantum fuerit opportunum”.

TEXTO TRADUZIDO

Legenda dos Três Companheiros - 13

Capítulo 5 - Da primeira vez em que o Crucificado lhe falou e como, desde esse momento até a morte, trouxe a paixão de Cristo em seu coração.

13. 
1 Certo dia, estando a implorar com maior fervor a misericórdia do Senhor, este mostrou-lhe que brevemente lhe seria dito o que deveria fazer. 
2 Desde então, ficou tão cheio de contentamento, que, não cabendo em si de alegria, mesmo sem querer, confiava a algumas pessoas algo de seus segredos. 
3 Falava porém cautelosa e enigmaticamente, dizendo que não queria ir para a Apúlia, pois na sua própria terra faria nobres e grandes coisas. 
4 Como os companheiros o vissem tão mudado, já mentalmente muito afastado deles, embora corporalmente de vez em quando ainda se reunisse com eles, quase por brincadeira o interrogavam de novo: “Francisco, queres casar-te?” 
5 Ele lhes respondia com certo enigma, como ficou dito acima. 
6 Poucos dias depois, passando perto da igreja de São Damião, foi-lhe dito em espírito que entrasse nela para rezar. 
7 Entrando, começou a orar fervorosamente diante da imagem de um Crucifixo, o qual piedosa e bondosamente lhe falou: “Francisco, não vês que a minha casa se destrói? Vai, pois, e restaura-a para mim”. 
8 Trêmulo e atônito, disse: “De boa vontade o farei, Senhor”. 
9 Entendeu que se falava daquela igreja que, por ser muito antiga, ameaçava cair proximamente. 
10 Com essas palavras ficou repleto de tanto contentamento e tão iluminado, que sentiu verdadeiramente em sua alma que fora o Cristo crucificado que falara com ele. 
11 Saindo da igreja, encontrou um sacerdote sentado lá perto e, pondo a mão na bolsa, deu-lhe certa importância em dinheiro, 
12 dizendo: “Rogo-te, senhor, que compres azeite e faças arder continuamente uma lâmpada diante daquele Crucifixo.
13 Quando este dinheiro acabar nessa tarefa, de novo lhe darei quanto for necessário”.