Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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TEXTO ORIGINAL

Legenda Trium Sociorum - 35

35. 
1 Paucis autem diebus elapsis, venerunt ad eos tres alii viri de Assisio, videlicet Sabbatinus, Moricus et Iohannes de Capella, supplicantes beato Francisco ut eos in fratres reciperet. 
2 Et ipse recepit eos humiliter et benigne. 
3 Quando autem eleemosynas per civitatem petebant vix aliquis dabat eis, sed improperabant illis dicentes quod res suas dimiserant ut comederent alienas, et ideo maximam penuriam sustinebant. 
4 Eorum quoque parentes et consanguinei persequebantur illos, aliique de civitate deridebant ipsos tanquam insensatos et stultos, quia tempore illo nullus relinquebat sua ut peteret eleemosynas ostiatim. 
5 Episcopus vero civitatis Assisii, ad quem pro concilio frequenter ibat vir Dei, benigne ipsum recipiens dixit ei: “Dura mihi videtur et aspera vita vestra, nihil scilicet in saeculo possidere”. 
6 Cui sanctus ait: “Donune, si possessiones aliquas haberemus, nobis essent necessaria arma ad protectionem nostram. 
7 Nam inde oriuntur quaestiones et lites soletque ex hoc amor Dei et proximi multipliciter impediri. 
8 Et ideo nolumus in hoc saeculo aliquid possidere temporale”. 
9 Et placuit multum episcopo responsio viri Dei, qui cuncta transitoria et praecipue pecuniam contempsit. 
10 Intantum ut in omnibus regulis suis commendaret potissime paupertatem et omnes fratres sollicitos redderet de pecunia evitanda. 
11 Plures enim regulas fecit et eas expertus est priusquam faceret illam quam ultimo reliquit fratribus. 
12 Unde in una ipsarum dixit in detestationem pecuniae: “Caveamus, qui reliquimus omnia, ne pro tam modico regnum caelorum perdamus. 
13 Et si pecuniam in aliquo loco inveniremus, non curemus plus quem de pulvere quem calcamus”.

TEXTO TRADUZIDO

Legenda dos Três Companheiros - 35

35. 
1 Passados poucos dias, vieram a eles mais três homens de Assis: Sabatino, Moorico e João de Capela, suplicando ao bem-aventurado Francisco que os recebesse como irmãos. 
2 E ele os recebeu, humilde e bondosamente. 
3 Mas quando iam pela cidade pedindo esmolas, mal havia quem lha desse; xingavam-nos dizendo que tinham deixado as suas coisas para comer as dos outros, e por isso passavam a maior penúria. 
4 Seus pais e parentes e consangüíneos perseguiam-nos, e outros da cidade riam-se deles como insensatos e bobos, porque naquele tempo ninguém deixava suas coisas para pedir esmolas de porta em porta. 
5 Mas o bispo da cidade de Assis, a quem freqüentemente o homem de Deus ia pedir conselhos, recebendo-o bondosamente lhe disse: -- “essa vossa vida me parece dura e áspera: não ter nada no século”. 
6 O santo lhe disse: -- “Senhor, se tivéssemos alguma propriedade, precisaríamos de armas para nossa proteção”. 
7 Pois é daí que surgem litígios e contendas que de muitas maneiras costumam impedir o amor de Deus e do próximo. 
8 Por isso não queremos ter nada de temporal neste século”. 
9 Muito agradou ao bispo a resposta do homem de Deus, que desprezara todas as coisas transitórias e especialmente o dinheiro. 
10 Tanto que, em todas as suas Regras, muito recomendou, fazendo todos os frades serem solícitos para evitar o dinheiro. 
11 Pois fez muitas Regras, e as experimentou antes de fazer a última que deixou para os frades. 
12 Numa delas, disse, como execração do dinheiro: -- “Nós que tudo deixamos, guardemo-nos de perder o reino dos céus por tão pouco”. 
13 E se encontrarmos dinheiro em algum lugar, não cuidemos dele mais do que do pó que pisamos”.