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TEXTO ORIGINAL

Sacrum Commercium S.Francisci cum domina Paupertat - Prologus

Incipit Sacrum commercium sancti Francisci cum domina Paupertate 

(Prologus) 

1 Inter ceteras preclaras et precipuas virtutes, que in homine locum et mansionem preparant Deo ac ad ipsum eundi et perveniendi viam excellentiorem (cfr. 1Cor 13,1) et expeditiorem ostendunt, sancta Paupertas quadam prerogativa omnibus eminet et singulari gratia aliarum titulos antecellit, 
2 quoniam fundamentum omnium virtutum et custos ipsa est et inter alias virtutes evangelicas loco merito et nomine principatur. 
3 Non est proinde quod cetere timeant descensum pluvie, adventum fluminum et ventorum flatum (cfr. Mat 7,25) ruinam comminantem, si super hanc basim fuerint stabilite; 
4 et merito quidem, cum Filius Dei, Dominus virtutum et Rex glorie (cfr. Ps 23,10), speciali dilectione hanc adamaverit, quesierit, invenerit ac tenuerit, operans salutem in medio terre cfr. Ps 73,12). 
5 Hanc in exordio predicationis sue velut lumen fidei portam intrantibus posuit et tamquam lapidem in fundamento domus primo iecit; et regnum celorum, quod alie virtutes in promissione accipiunt ab ipso, hec de ipso sine dilatione aliqua investitur. 
6 Beati, inquit, pauperes spiritu, quoniam ipsorum est regnum celorum (cfr. Mat 5,3). 
7 Digne prorsus eorum est regnum celorum qui nihil possident de terreno voluntate propria, spirituali intentione et desiderio eternorum. 8 Vivat necesse est de celestibus qui de terrenis non curat, et dulces micas, que cadunt de mensa (cfr. Mat 15,27) sanctorum angelorum, in presenti exilio felici palato deglutiat 
9 qui, terrenis omnibus renuntians, omnia velut stercora (cfr. Phip 3,8) reputat, ut gustare mereatur quam dulcis et suavis est Dominus (cfr. Ps 33,9; 99,4 1Pet 2,3). 
10 Que vera regni celorum investitio est et eterne possessionis in eodem regno securitas ac future beatitudinis quedam prelibatio sancta. 
11 Propterea beatus Franciscus, tamquam verus imitator et discipulus Salvatoris, in conversionis sue principio ad sanctam paupertatem querendam, inveniendam atque tenendam omni studio, omni desiderio, omni deliberatione se dedit, 
12 nil dubitans adversi, nil sinistri timens, nullum subterfugiens laborem, nullam corporis declinans angustiam, si tandem optio sibi daretur ut posset pervenire ad eam, cui Dominus tradidit claves regni celorum (cfr. Mat 16,19).

TEXTO TRADUZIDO

Sacrum Commercium S.Francisci cum domina Paupertat - Prólogo

Começa o “Sacrum commercium” de São Francisco com a Senhora Pobreza 

(Prólogo) 

1 Entre as outras virtudes preclaras e principais, que preparam no homem lugar e morada para Deus e indicam o caminho mais excelente e expedito para ir e chegar até Ele, a santa Pobreza sobressai entre todas por uma certa prerrogativa e supera os títulos das outras por uma graça singular, 
2 porque ela é o fundamento e guardiã de todas as virtudes e tem, entre as outras virtudes evangélicas, a primazia de ser citada merecidamente em primeiro lugar. 
3 Por isso, as outras não precisam temer que caiam as chuvas, que cheguem os rios e que soprem os ventos ameaçando ruína, se estiverem estabelecidas sobre esta base. 
4 E com razão, pois o Filho de deus, Senhor das virtudes e Rei da glória, amou-a com afeto especial, buscou-a, encontrou-a e a manteve, quando realizava a salvação no meio da terra. 
5 Foi a ela que ele colocou, no começo de sua pregação, como luz para os que entram pela porta de fé e lançou como pedra fundamental da casa. E ela foi investida sem demora alguma com o reino dos céus, que as outras virtudes receberam dele como promessa. 
6 Pois disse: Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus (cfr. Mt 5,3). 
7 O reino dos céus é mesmo, com dignidade, daqueles que não possuem nada de terreno por vontade própria, por uma intenção espiritual e pelo desejo das coisas eternas. 
8 Quem não se preocupa com as coisas terrenas precisa viver das celestes, e pode comer neste exílio, saboreando-as, as doces migalhas que caem da mesa dos santos anjos. 
9 São os que, renunciando a todas as coisas terrenas, têm tudo como lixo, para ter o mérito de saborear quão doce e suave é o Senhor. 
10 Ela é a verdadeira investidura do reino dos céus, é a segurança de sua posse eterna, é uma oportunidade de já provar a felicidade futura. 
11 Por isso, o bem-aventurado Francisco, como verdadeiro imitador e discípulo do Salvador, entregou-se, no princípio de sua conversão, com todo esforço, com todo desejo, com toda decisão a buscar, encontrar e preservar a santa pobreza, 
12 sem duvidar de adversidades, sem temer nada de sinistro, sem fugir a nenhum trabalho, sem escapar de nenhuma angústia do corpo, para que lhe fosse dada finalmente a opção de chegar àquela a quem o Senhor entregou as chaves do reino dos céus.