Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

  • Fontes Franciscanas
  • Fontes Biográficas
  • Sacrum Commercium S.Francisci cum domina Paupertat

TEXTO ORIGINAL

Sacrum Commercium S.Francisci cum domina Paupertat - 1

Capitulum 1 - O Beatus Franciscus interrogat de Paupertate.

1 Cepit sedule velut curiosus explorator circuire vicos et plateas civitatis, diligenter querens quam diligebat anima (cfr. Cant 3,2) sua. 
2 Interrogabat stantes, percunctabatur advenientes, sic dicens: “Num quam diligit anima mea vidistis?” (cfr. Cant 3,3), 
3 Sed erat verbum istud absconditum ab eis (Luc 18,34), et velut barbarum. Non intelligentes eum, dicebant ei: “O homo, nescimus quid loquaris. Loquere nobis in lingua (cfr. 4Re 18,26) nostra et respondebimus tibi”. 
4 Non erat in die illa filiis Adam vox neque sensus (cfr. 4Re 4,31), ut de paupertate vellent conferre ad invicem aut loqui. 
5 Oderant eam vehementer sicut et hodie facìunt, nec poterant de ipsa querenti quidquam pacifice loqui (cfr. Gen 37,4); propterea velut ignoto respondent, et de quesitis aliquid se nescire testantur. 
6 “Ibo — inquit beatus Franciscus — ad optimates et sapientes et loquar eis. 
7 Ipsi enim cognoverunt viam Domini et iudicium Dei sui (Ier 5,5), quia isti forsitan pauperes sunt et stulti, ignorantes viam Domini et iudicium Dei sui (Ier 5,4)”. 
8 Quo facto ipsi durius responderunt ei, dicentes: “Que nova est hec doctrina, quam infers auribus nostris (cfr. Act 17,19-20)? Paupertas enim, quam queris, semper tibi sit et filiis tuis et semini tuo (cfr. Gen 13,15) post te! 
9 Nobis autem sedet deliciis perfrui et abundare divitiis, quoniam exiguum et cum tedio est tempus vite nostre, et non est refrigerium infine hominis (cfr. Sapo 2,1). 
10 Nihil enim melius cognovimus quam letari, manducare et bibere (cfr. Qo 3,12.13; Is 22,13; 1Cor 15,32) donec vivimus”. 
11 Beatus Franciscus hec audiens mirabatur in corde suo et, gratias agens Deo, dicebat: 
12 “Benedictus tu, Domine Deus (cfr. Luc 1,68), qui abscondisti hec a sapientibus et prudentibus et revelasti ea parvulis! Ita, Pater, quoniam sic placitum est ante te (Mat 11,25-26). 
13 Domine, pater et dominator vite mee, ne derelinquas me in consilio eorum nec sinas me cadere (Sir 23,1) in illa exprobratione, sed da mihi, tua gratia, invenire quod quero, quia servus tuus sum et filius ancille tue (cfr. Ps 115,16)”. 
14 Egressus itaque de civitate beatus Franciscus concito gradu venit ad quemdam campum, in quo, de longe prospiciens, vidit duos senes sedentes gravi merore confectos (cfr. Lam 1,13), quorum unus sic loquebatur: 
15 “Ad quem respiciam nisi ad pauperculum et contritum spiritu et trementem sermones meos (Is 66,2)?”. 
16 Et alius dicebat: “Nihil intulimus in hunc mundum, haud dubium quia nec auferre quid possumus; habentes autem alimenta et quibus tegamur, iis contenti sumus (1Tim 6,7-8)”.

TEXTO TRADUZIDO

Sacrum Commercium S.Francisci cum domina Paupertat - 1

Capítulo 1 – O bem-aventurado Francisco indaga sobre a Pobreza.

1 Aplicadamente, como um explorador curioso, ele começou a rondar pelos becos e praças da cidade, procurando diligentemente a que era a amada de sua alma. 
2 Interrogava os que estavam parados, perguntava aos que chegavam, dizendo: “Será que não vistes aquela que minha alma ama?” (cfr. Ct 3,3). 
3 Mas essa palavra era como um enigma para eles (Lc 18,34), parecia estrangeiro. Como não o entendiam, diziam: “Ó homem, não sabemos do que estás falando. Fala-nos em nossa língua e te responderemos”. 
4 Naquele dia, os filhos de Adão não tinham voz nem sensibilidade para querer conversar sobre a pobreza, ou mesmo mencioná-la. 
5 Odiavam-na veementemente, como fazem até hoje, e sobre ela não podiam falar nada de pacífico ao que perguntava; por isso responderam como a um estranho, afirmando que não sabiam nada do que se estava perguntando. 
6 O bem-aventurado Francisco disse: “Vou falar com os importantes e os sábios. 
7 Pois eles conhecem o caminho do Senhor e o juízo do seu Deus (Jr 5,5); estes talvez sejam pobres e ignorantes. Desconhecendo o caminho do Senhor e o juízo do seu Deus (Jr 5,4)”. 
8 Quando o fez, eles lhe responderam ainda mais duramente, dizendo: “Que doutrina nova é essa que apresentas aos nossos ouvidos? Pois que essa pobreza, que buscas, pertença sempre a ti, aos teus filhos e à tua descendência depois de ti! 
9 Para nós o que conta é gozar as delícias e ter muitas riquezas, porque o tempo de nossa vida é curto e tedioso, e não há refrigério para o fim do homem (cfr. Sb 2,1). 
10 Não conhecemos nada de melhor do que alegrar-se, comer e beber enquanto vivemos”. 
11 O bem-aventurado Francisco, ouvindo essas coisas, ficava admirado em seu íntimo e, dando graças a Deus, dizia: 
12 “Bendito sejas tu, Senhor Deus (cfr. Lc 1,68), que escondeste estas coisas dos sábios e prudentes e as revelaste aos pequeninos! Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado (Mt 11,25-26). 
13 Senhor, Pai e dominador de minha vida, não me abandones ao conselho deles, nem me deixes cair nessa reprovação, mas dá-me, por tua graça, encontrar o que busco, porque sou teu servo e filho de tua serva (cfr. Sl 115,16)”. 
14 Então, saindo da cidade, o bem-aventurado Francisco foi com passo rápido para um campo, em que, olhando de longe, viu dois velhos sentados tomados de grande tristeza. Um deles dizia: 
15 “Para quem vou olhar senão para o pobrezinho e contrito de coração, e para o que teme as minhas palavras (Is 66,2)?”. 
16 E o outro dizia: “Nada trouxemos para este mundo; sem dúvida também não podemos levar nada; tendo comida e com que nos cobrir, ficamos contentes com isso(1Tm 6,7-8)”.