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TEXTO ORIGINAL

Sacrum Commercium S.Francisci cum domina Paupertat - 30

Capitulum 30 - De convivio Paupertatis cum fratribus.

1 Et, preparatis omnibus, coegerunt illam comedere secum. 
2 At illa: “Ostendite mihi — inquit — primo oratorium, capitulum, claustrum, refectorium, coquinam, dormitorium et stabulum, pulcra sedilia, expolitas mensas et domos immensas. 
3 Nihil enim video horum, nisi quod cerno vos hilares et incundos, superabundantes gaudio, repletos consolatione (cfr. 2Cor 7,4), ac si omnia expectetis ad votum suppeti vobis“. 
4 Ipsi quoque respondentes dixerunt: “Domina et regina nostra, nos servi tui ex longo (Ios 9,9) itinere fatigati sumus, et tu, nobiscum veniens, non modicum laborasti. 
5 Comedamus ergo prius, si iubes, et sic confortati ad nutum tuum omnia implebuntur”. 
6 “Placet quod dicitis” ait; “sed iam afferte aquam, ut manus nostras lavemus, et sindones, quibus tergamus eas”. 
7 Illi vero citissime obtulerunt medium quoddam terreum vasculum, quia perfectum non erat ibi, plenum aqua. 
8 Et vergentes in manibus eius respiciebant huc atque illuc pro sindone. 
9 Cumque non invenissent eam, unus obtulit ei tunicam qua indutus erat ut cum ea tergeret manus. 
10 Ipsa vero, cum gratiarum actione illam suscipiens, magnificabat Deum in corde suo, qui talibus eam associavit hominibus. 
11 Deinde duxerunt eam ad locum in quo mensa parata erat. Que, cum fuisset perducta, respexit et nil aliud videns quam tria vel quatuor frusta panis hordeacei aut suricei posita super gramina, vehementer admirata est dicens intra se: “Quis umquam vidit talia in generationibus seculorum (cfr. Is 66,8; 51,9)? 
12 Benedictus tu, Domine Deus (cfr. 1Par 29.10; Luc 1,68), cui cura est de omnibus (cfr. Sap 12,13); subest enim tibi posse, cum volueris (cfr. Sap 12,18); docuisti populum tuum per talia opera (cfr. Sap 12,19) placere tibi”. 
13 Sicque consederunt pariter gratias agentes Deo (cfr. Col 3,17) super omnia dona sua. 
14 Iussit domina Paupertas apportari cocta cibaria in scutellis. Et ecce allata est scutella una plena aqua frigida, ut intingerent omnes in ea panem: non erat ibi copia scutellarum nec coquorum pluralitas. 
15 Petiit aliquas saltem herbas odoriferas crudas sibi preberi. Sed hortulanum non habentes et hortum nescientes, collegerunt in silva herbas agrestes et posuerunt coram ea. 
16 Que ait: “Parum salis afferte ut saliam herbas, quoniam amare sunt”. 
17 “Exspecta — inquiunt — domina, quousque civitatem intremus et afferamus tibi, si fuerit qui prebeat nobis”. 
18 “Prebete — inquit — mihi cultellum ut emundem superflua et incidam panem, quia valde durus et siccus est”. 
19 Dicunt ei: “Domina, non habemus fabrum ferrarium, qui nobis faciat gladios; nunc autem dentibus cultelli vice utere et postea providebimus”. 
20 “Et vinum apud vos est aliquantulum?” dixit. 
21 Responderunt illi dicentes: “Domina nostra, vinum non habemus (cfr. Ioa 2,3) quia initium vite hominis panis et aqua (cfr. Sir 29,28), et tibi bibere vinum non est bonum, quoniam sponsa Christi vinum debet fugere pro veneno”. 
22 Postquam autem exsaturati sunt magis ex tante inopie gloria quam essent rerum omnium abundantia, benedixerunt Domino, in cuius conspectu tantam invenerunt gratiam, et duxerunt illam ad locum in quo quiesceret, quia fatigata erat. Sicque supra nudam humum nudam se proiecit. 
23 Petiit quoque pulvinar ad caput suum. At illi statim portaverunt lapidem et supposuerunt ei. 
24 Illa vero, quietissimo somno ac sobria dormiens, surrexit festinanter, petens sibi claustrum ostendi. 
25 Adducentes eam in quodam colle ostenderunt ei totum orbem quem respicere poterant, dicentes: “Hoc est claustrum nostrum, domina”.

TEXTO TRADUZIDO

Sacrum Commercium S.Francisci cum domina Paupertat - 30

Capítulo 30 – Sobre o banquete da Pobreza com os frades.

1 Quando estava tudo preparado, forçaram-na a comer com eles. 
2 Mas ela disse: “Mostrai-me antes a capela, a sala do capítulo, o claustro, o refeitório, a cozinha, o dormitório e o estábulo, as cadeiras bonitas, as mesas bem lisas e as casas enormes. 
3 Pois não estou vendo nada disso; só o que vejo sois vós, alegres e felizes, transbordando de gozo, cheios de consolação (cfr. 2Cor 7,4), como se esperásseis que é só desejar e vos darão tudo”. 
4 Eles responderam: “Senhora e rainha nossa; nós, que somos teus servos há tanto tempo (cfr. Js 9,9), estamos cansados do caminho, e tu também, que vieste conosco, não trabalhaste pouco. 
5 Então, vamos comer primeiro, se permites, e assim, confortados, tudo será feito como mandares”. 
6 Disse ela: “Gostei do que dissestes; então, tragam a água para lavarmos as mãos e toalhas para as enxugarmos”. 
7 Trouxeram logo meio vaso de barro cheio de água, porque não havia ali um inteiro. 
8 Despejaram-na nas mãos dela, enquanto olhavam para cá e para lá, buscando uma toalha. 
9 Como não a encontraram, um deles ofereceu-lha a túnica que vestia para enxugar as mãos. 
10 Ela, recebendo-a agradecida, louvava a Deus em seu coração, por tê-la unido a tais homens. 
11 Depois, levaram-na ao lugar em que a mesa estava preparada. Chegando lá e não vendo mais do que três ou quatro pedaços de pão de cevada ou farelo colocados na grama, ficou muito admirada, dizendo consigo: Quem jamais viu essas coisas nos séculos que passaram (cfr. Is 66,8; 51,9)? 
12 Bendito sejas, Senhor Deus (cfr. 1Cr 29.10; Lc 1,68), que cuidas de tudo (cfr. Sb 12,13); pois, quando queres, podes usar o poder (cfr. Sb 12,18); com essas obras, ensinaste o teu povo (cfr. Sb 12,19) a te agradar”. 
13 Assim assentaram-se juntos, dando graças a Deus (cfr. Cl 3,17) por todos os seus dons. 
14 A senhora Pobreza mandou trazer a comida cozida nas travessas. Trouxeram uma travessa cheia de água fria, para que nela todos molhassem o pão: ali não havia nem uma quantidade de travessas nem variedade de cozidos. 
15 Pediu pelo menos que servissem algumas ervas odoríferas cruas. Mas, como não tinham hortelão nem sabiam de alguma horta, colheram ervas silvestres no mato e puseram-nas na sua frente. 
16 Ela disse: “Trazei-me um pouco de sal para salgar as ervas, porque são amargas”. 
17 Disseram: “Espera, senhora, que entremos na cidade para te trazer, se houver alguém que nos dê”. 
18 Ela disse: “Dai-me uma faca para tirar o supérfluo e cortar o pão, porque está muito duro e seco”. 
19 Responderam-lhe: “Senhora, nós não temos um ferreiro para nos fazer espadas; corta agora com os dentes, em vez de uma faca, e depois vamos tomar providências”. 
20 “Tendes um pouquinho de vinho?”, perguntou. 
21 Eles responderam: “Senhora nossa, não temos vinho (cfr. Jo 2,3) porque o principal para a vida do homem é pão e água (cfr. Eclo 29,28), e, para ti, não é bom tomar vinho, porque a esposa de Cristo tem que fugir do vinho como de um veneno”. 
22 Depois que ficaram satisfeitos, mais pela glória de tanta privação do que ficariam pela abundância de todas as coisas, bendisseram ao Senhor, diante do qual encontraram tanta graça, e levaram-na para um lugar em que pudesse repousar, porque estava cansada. E assim jogou-se despida sobre a terra nua. 
23 Pediu também um travesseiro para sua cabeça. Trouxeram logo uma pedra e colocaram embaixo. 
24 Mas ela, depois de um sono bem repousado e sóbrio, levantou-se apressada, pedindo que lhe mostrassem o claustro. 
25 Levaram-na para uma colina e lhe mostraram todo o mundo que podiam ver, dizendo: “Senhora, este é o nosso claustro”.