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TEXTO ORIGINAL

Sacrum Commercium S.Francisci cum domina Paupertat - 6

Capitulum 6 - Dignitas Paupertatis.

1 “Ita amator factus forme (cfr. Sap 8,2) tue Filius summi Patris, tibi soli in mundo adherens, in omnibus fidelissimam te probavit. 
2 Prius enim quam de luminosa patria veniret ad terras, preparasti sibi locum congruentem, thronum in quo sederet et thalamum in quo quiesceret, pauperrimam scilicet Virginem, de qua ortus huic mundo effulsit. 
3 Nato certe fideliter occurristi, ut in te, non in deliciis, locum sibi placitum inveniret. 
4 Positus est, inquit Evangelista, in presepio, quia non erat ei locus in diversorio (Luc 2,7). 
5 Et sic semper inseparabiliter comitata es ipsum, ut in omni vita sua, quando in terris visus est et cum hominibus conversatus est (cfr. Bar 3,38)! cum vulpes foveas haberent et volucres celi nidos, ipse nihilominus non habuit ubi caput suum reclinaret cfr. Mat 8,20). 
6 Deinde, cum aperuit os proprium ad docendum, qui ora olim aperuerat Prophetarum, inter multa que locutus est, te primo laudavit, te primo extulit dicens: “Beati pauperes spiritu, quoniam ipsorum est regnum celorum (Mat 5,3)”. 
7 Iam vero cum sancte predicationis sue glorioseque conversationis in salutem humani generis testes quosdam eligeret necessarios, elegit certe non divites mercatores, sed pauperes piscatores, ut tanta estimatione ostenderet te fore ab omnibus diligendam.
8 Tandem, ut omnibus manifesta sit bonitas tua, magnificentia tua, fortitudo tua, quomodo omnibus virtutibus antecellis, quomodo sine te nulla potest esse virtus, quomodo regnum tuum non est de hoc mundo (cfr. Ioa 18,36), sed de celo, sola tunc Regi glorie adhesisti, cum omnes electi et dilecti eius ipsum timide reliquerunt. 
9 Tu autem, fidelissima sponsa, amatrix dulcissima, nec ad momentum discessisti ab eo, immo tunc magis sibi adherebas, eum magis eum ab omnibus contemni videbas. 
10 Nam, si cum eo non fuisses, numquam sic despici ab omnibus potuisset. 
11 Secum eras in conviciis Iudeorum, in insultationibus Phariseorum, in exprobrationibus principum sacerdotum; secum in colaphis, secum in sputis, secum in flagellis. 
12 Reverendus ab omnibus, subsannatus ab omnibus erat, et tu sola solatiabaris ei. Non reliquisti eum usque ad mortem, mortem autem crucis (cfr. Phip 2,8). 
13 Et in ipsa cruce, denudato iam corpore, extensis brachiis, manibus et pedibus confixis, patiebaris secum, ita ut nil in eo te gloriosius appareret. 
14 Denique signaculum regni celorum ad signandum electos, quando in celum abiit, tibi reliquit, ut quicumque ad regnum suspirat eternum, ad te veniat, a te petat, per te introeat, quia, nisi signatus sit signaculo cfr. Cant 8,6; Apoc 7,3) tuo, ad regnum quisque intrare non potest. 
15 Ergo, domina, compatere nobis, et signa nos signacuto gratie tue. Quis enim tam hebes est, tam insipiens ut te toto corde non diligat, que sic ab Altissimo es electa et ab eterno preparata? 
16 Quis te non revereatur et honoret, quando ille, quem adorant universe celorum virtutes, tanto honore te decoravit? 
17 Quis enim vestigia pedum tuorum non libenter adoret cfr. Is 60,14), cui se Dominus maiestatis tam humiliter inclinavit, tam sociabiliter iunxit, tanta caritate adhesit? 
18 Obsecramus per ipsum et propter ipsum, domina, nostras deprecationes ne despicias in necessitatibus, sed a periculis libera nos semper, gloriosa et in eternum benedicta”.

TEXTO TRADUZIDO

Sacrum Commercium S.Francisci cum domina Paupertat - 6

Capítulo 6 – A dignidade da Pobreza.

1 “Assim o Filho do sumo Pai enamorou-se de tua formosura (cfr. Sb 8,2): prendendo-se só a ti no mundo, comprovando que tu és fidelíssima em tudo. 
2 Pois ainda antes que viesse da pátria luminosa para a terra, preparaste-lhe um lugar adequado, um trono para sentar e um tálamo para descansar, isto é, a Virgem paupérrima, de quem nasceu e brilhou para o mundo. 
3 É certo que acorreste quando ele nasceu, para que encontrasse em ti e não nas delícias um lugar de que gostasse. 
4 Diz o evangelista que ele foi posto num presépio, porque não havia lugar para ele na estalagem (Luc 2,7). 
5 E assim o acompanhaste sempre, para que em toda a sua vida, quando foi visto na terra e conviveu com os homens (cfr. Br 3,38), pois as raposas tinham tocas e as aves os seus ninhos, mas ele não tinha onde reclinar a cabeça (cfr. Mt 8,20). 
6 Depois, quando abriu a boca para ensinar, Ele, que outrora abrira a boca dos profetas, entre muitas coisas que disse, louvou-te em primeiro lugar, exaltou-te primeiramente dizendo: Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus (Mt 5,3)”. 
7 Mas, quando escolheu algumas testemunhas necessárias para a santa pregação e para sua gloriosa convivência para a salvação do gênero humano, certamente não escolheu ricos comerciantes mas pobres pescadores, para mostrar com quanta estima tu devias ser amada por todos. 
8 Finalmente, para que se manifeste a todos a tua bondade, a tua magnificência e a tua fortaleza, e como precedes a todas as virtudes, como sem ti não pode haver virtude nenhuma, como o teu reino não é deste mundo (cfr. Jo 18,36), mas do céu, e como, quando todos os escolhidos e amados o abandonaram medrosamente foste a única que, então, aderiste ao rei da glória. 
9 Mas tu, esposa fidelíssima, amiga dulcíssima, nem por um momento dele te afastaste; antes, até aderias mais a Ele quanto mais o vias ser desprezado por todos. 
10 Pois, se não estivesses com Ele, nunca poderia ter sido desprezado dessa maneira por todos. 
11 Estavas com Ele nas zombarias dos judeus, nos insultos dos fariseus, nas exprobrações dos príncipes dos sacerdotes; com Ele estavas nos tapas, nas cusparadas, nos açoites. 
12 O que devia ser mais reverenciado por todos foi vilipendiado por todos, e foste a única que o consolou. Não o abandonaste até a morte, morte de cruz (cfr. Fl 2,8). 
13 E na própria cruz, com o corpo já despido, os braços estendidos, as mãos e os pés pregados, padecias com Ele, de modo que nada nele parecia mais glorioso do que tu. 
14 Finalmente, quando foi embora para o céu, deixou contigo o sinal do reino dos céus para marcar os eleitos, para que todo aquele que suspira pelo reino eterno venha a ti, peça a ti, entre por ti, porque, se não for marcado com o teu sinal (cfr. Ct 8,6; Ap 7,3) ninguém poderá entrar no reino. 
15 Por isso, Senhora, tem compaixão de nós e marca-nos com o sinal da tua graça. Quem seria tão tapado, tão sem gosto para não te amar com todo o coração a ti que foste escolhida pelo Altíssimo e preparada desde a eternidade? 
16 Quem não te reverenciará e honrará, quando te distinguiu com tanta honra Aquele a quem adoram todas as virtudes do céu? 
17 Quem não adorará os vestígios de teus pés de boa vontade, se a ti o Senhor da majestade se inclinou tão humildemente, se uniu tão amigavelmente, aderiu com tanto amor? 
18 Por Ele e por causa dele, nós te rogamos, Senhora, não desprezes nossos pedidos nas necessidades, mas livra-nos sempre dos perigos, ó gloriosa e bendita pela eternidade”.