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14. Pia credulitate tenentes (1238)

Nesta carta, do dia 16 de abril de 1238, embora a contragosto, Gregório IX concede a Inês de Praga o Privilégio da Pobreza. Ele sempre queria que as Irmãs tivessem propriedades. Até já havia concedido que Inês renunciasse a qualquer direito sobre o hospital. Podemos acompanhar este episódio lendo as cartas de Santa Clara, especialmente a segunda (2CtIn). 
Texto latino em BF I, págs. 236-237. n. 255.

TEXTO ORIGINAL

14. Pia credulitate tenentes (1238)

Dilectis in Christo filiabus abbatissae et conventui inclusarum ancillarum Christi Monasterii Sancti Francisci Ordinis Sancti Damiani Pragensis salutem et apostolicam benedictionem 

1 Pia credulitate tenentes, quod in vobis, quarum mentibus nihil extra Deum sufficit, Patris aeterni Spiritus eloquatur, petitiones vestras quase ab ipso formatas sola coelestia sapientes, et benigne suscipimus et favorabiliter exaudimus; praesertim cum sicut evidentibus patet indiciis, vos Reginae Virginum locum in loco pauperum , etiam quando coeli Regem genuit, non habentis contemplantis penuriam, ubertatis perpetuae fidelibus productivam, indecens reputetis servas et ancillas fovere deliciis, cum pannis vilibus involutus in praesepio steterit Unigenitus omnium Conditor. Hinc est quod hospitalis Sancti Francisci pragensis dioecesis, cum juribus et pertinentiis suis, olim vobis et per vos monasterio vestro ab Apostolica Sede concessi, vestra libera resignatione recepta, vobis quae contemptis visibilibus ad invisibilium delicias properantes vitare studetis obstaculum in temporalium spinis inoffensam faciem Dei, quaerentium consurgere consuetum, devicti precibus vestris et lacrymis praesentium auctoritate concedimus ut invite cogi ad recipiendum de cetero possessiones aliquas non possitis. 
2 Nulli ergo omnino hominum liceat hanc paginam nostrae concessionis infringere vel ausu temerário contraire. Si quis autem hoc attentare praesumpserit, indignationem Omnipotentis Dei ac beatorum Petri et Pauli apostolorum ejus se noverit incursurum. 
Datum Laterani XVII Kalendas Maji, pontificatus nostri anno duodecimo.

TEXTO TRADUZIDO

14. Pia credulitate tenentes (1238)

Às diletas filhas em Cristo, abadessa e comunidade das servas inclusas de Cristo do mosteiro de São Francisco, em Praga, da Ordem de São Damião, saudação e bênção apostólica. 

1 Na crença piedosa de que em vós, para cujas almas nada basta fora de Deus, quem fala é o Espírito do Pai eterno, aceitamos benignamente vossos pedidos e os ouvimos favoravelmente, principalmente porque, como fica evidente pelos indícios, vós, como a Rainha das virgens não tinha nem um lugar na casa dos pobres quando deu à luz o Rei dos Céus, e contemplava a penúria que produz para os fiéis a abundância perpétua, julgais inconveniente que servas e criadas do Senhor desejem delícias, uma vez que o primogênito de Deus, Criador do mundo, repousou no presépio envolto em panos vis. É por isso que aceitamos vossa livre renúncia ao hospital de São Francisco da diocese de Praga, com todos os seus direitos e posses que eu tinha concedido pela Sé Apostólica a vós e, através de vós, ao mosteiro. A vós que, desprezando as coisas visíveis procurais evitar os obstáculos dos espinhos dos bens temporais para contemplar sem ofensa o rosto de Deus, querendo elevar-vos acima do que é comum, nós, convencidos pelas vossas preces e lágrimas, com a autoridade desta carta, concedemos que não possais, contra a vossa vontade, ser constrangidas a aceitar nenhuma propriedade. 
2 A ninguém seja lícito violar este documento de nossa concessão ou opor-se temerariamente a ela. Se alguém presumir tentar fazer isso, saiba que há de incorrer na ira de Deus onipotente e dos bem-aventurados apóstolos Pedro e Paulo. 
Dado em Latrão, no décimo sétimo dia das Calendas de maio, no décimo segundo ano de nosso pontificado.