4). O ofício da pregação
Um dia, enquanto o ministro geral, Frei João de Parma, estava sozinho, aproximei-me dele. Mas chegou também o meu companheiro, que era de Parma e se chamava Frei Giovannino de Ollis, e disse ao ministro: “Padre, fazei de modo que eu e Frei Salimbene tenhamos a auréola”. Frei João de Parma, com rosto alegre, perguntou ao meu companheiro: “E como posso fazer para vós terdes a auréola?”. Frei Giovannino respondeu: “Dando-nos o ofício da pregação”. Então, Frei João de Parma, ministro geral, disse: “Na verdade, mesmo que vós dois fosseis meus irmãos carnais, não o obteríeis de outra forma a não ser passando pelo exame”. Mas eu repliquei ao meu companheiro: “Vai, vai com a tua auréola! Eu já tive no ano passado o ofício da pregação por parte do papa Inocêncio IV em Lion, e agora deveria recebe-lo de novo de Frei Giovannino de São Lázaro? Basta que me foi concedido uma vez por aquele que tinha poder” (pp. 432-433).
... Então meu companheiro, Frei Giovannino de Ollis, me respondeu: “Eu preferia obtê-lo do ministro geral, mais do que de algum Papa; e se é necessário que passemos através da espada do exame, que Frei Hugo nos examine”. Falava do grande Frei Hugo, provincial, que se encontrava então em Arles para a vinda do ministro geral, de quem era grandíssimo amigo.
Frei João respondeu: Não quero que Frei Hugo vos examine, porque é vosso amigo e vos trataria com misericórdia. Mas chamai o lente e o repetidor deste convento”. Chamados, eles vieram; e o ministro geral disse: “Levai a um lugar à parte esses dois frades e examinai-os só sobre o que diz respeito à pregação, e se forem dignos de obter o ofício da pregação, referi-me”. E assim foi feito. E me conferiu, mas não ao meu companheiro, porque acharam que era insuficiente. Então o geral lhe disse: “O que é adiado não é tirado. Aplica-te ao estudo da sabedoria, meu filho, e alegra o meu coração, para que tu possas responder a quem te põe à prova”. De fato, diz o Eclesiástico, 18: “Antes de falar, aprende”. (pp. 452-453).