24). Mau governo
A terceira culpa de Frei Elias foi que promoveu aos cargos da Ordem pessoas que não eram dignas. Constituiu guardiães, custódios e ministros irmãos leigos, coisa verdadeiramente absurda, porque havia na Ordem uma abundância de bons clérigos... (p. 144).
A quarta culpa foi que, em todo o tempo de seu governo, não se fizeram constituições gerais a Ordem, quando é através delas que se conserva a observância da Regra, governa-se a Ordem, vive-se com uniformidade e cumprem-se tantas coisas boas. Por isso, aplica-se bem a este fato aquela nota que é repetida três vezes no livro dos Juízes no último capítulo (Jz 21,25): Naqueles dias não havia rei (isto é, não havia lei) em Israel mas cada um se regula segundo o próprio juízo; porque sob três ministros gerais a Ordem não teve constituições gerais, isto é, sob o bem-aventurado Francisco, e sob Elias, que governou duas vezes e danificou duas vezes a Ordem.
De fato, sob o seu governo, muitos irmãos leigos usavam a clériga, quando nem sequer sabiam escrever; alguns moravam nas cidades completamente fechados em um eremitério perto da igreja dos frades, e tinham uma janelinha na parede, pela qual conversavam com as mulheres, embora fossem leigos, ineptos para ouvir confissões e dar conselhos; ... alguns aí estavam sozinhos, isto é, sem o frade companheiro, nos hospitais... Ainda vi alguns outros que usavam uma barba comprida como os armênios e os gregos. Alguns, como cíngulo, não tinham o cordão comum ,as uma corda feita de fios torcidos de modos curiosos, e feliz quem conseguia arranjar uma mais bonita!... Seria muito longo lembrar todas as vilanias e os abusos que vi fazerem; talvez me faltasse o tempo, não teria papel suficiente e daria aos leitores uma ocasião de cansaço e não de edificação (pp. 144-145).