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Crônica de Frei Salimbene de Adam - 19

19). Estas duas Ordens, dos frades menores e dos pregadores, , que levam uma vida santa e estão na posse da doutrina, são destinadas a carregar sobre si a iniquidade que pesa sobre o santuário, como diz o Senhor no Livro dos Números, 18: Tu, teus filhos e a casa de teu pai carregareis convosco o peso das iniquidades cometidas contra o santuário... 
Como é dito aqui, é claro que essas duas Ordens devem ter serventes, que não sejam colocados como pares dos clérigos. Pois, se se lêem bem os versículos que seguem (Nm 18,4-7) emerge que Geraldino Segalello com os seus Apóstolos não deve intrometer-se no ofício destas duas Ordens, porque são justamente essas duas Ordens prefiguradas por Jeremias com o nome de pescadores e caçadores, como explicou luminosamente o abade Joaquim.
Porque, de fato, disse o Senhor pela boca de Jeremias, 16: Eis que vou mandar numerosos pescadores e os pescarão; depois mandarei muitos caçadores, que darão caça eles em todas as montanhas... (Jr. 16,16). 
Deixando de lado a interpretação do abade Joaquim, que não leio há muitos anos, parece-me que esta última frase, em que se fala dos caçadores, seja apropriada mais à Ordem de São Domingos que à de São Francisco; não só porque essa Ordem foi prefigurada em Esaú, que era caçador e tomou como mulher as filhas de Heth, isto é, as ciências seculares — como diz Joaquim — mas também porque sai mais para fora (das cidades) à caça das almas, embora também a outra Ordem faça a mesma coisa, especialmente nas regiões ultra-montanas. Na Itália, de fato, (os frades menores) desculpam-se por não sair das cidades dizendo que os cavaleiros, os poderosos e os nobres estão nas cidades, em quanto às aldeias e burgos, lá estão os eremitérios, em que os frades moram, e que bastam para asa necessidades dos seculares (pp. 419-420).