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TEXTO ORIGINAL

Legenda Sanctae Clarae Virginis - 37

De studio libenter audiendi verbum sanctae praedicationis

37 Providet filiabus per devotos praedicatores alimoniam verbi Dei, ex qua suam deteriorem non efficit partem. Nam tanta in auditu sanctae praedicationis exultatione perfunditur, tanta sui Iesu recordatione deliciatur, ut praedicante aliquando frate Philippo de Adria, speciosissimus quidam puer virgini Clarae assisteret, et permagnam praedicationis partem suis eam gratulationibus oblectaret. Ex cuius apparitionis intuitu illa, quae de matre videre talia merebatur, suavitatem inexplicabilem sentiebat. 
Licet autem litterata non esset, litteratorium tamen gaudebat audire sermonem, rata quod in testa verborum nucleus lateat, quem ipsa attingebat subtilius et sapidius degustabat. Novit de cuiuslibet sermone loquentis elicere quod animae prosit: sciens non minoris esse prudentiae, de rudi quandoque spina florem decerpere, quam fructum ex arbore nobili manducare. 
Cum semel dominus Papa Gregorius prohibuisset, ne aliquis frater ad monasteria dominarum sine sua licentia pergeret, dolens pia mater cibum sacrae doctrinae rarius habituras Sorores, cum gemitu dixit: Omnes nobis auferat de cetero Fratres, postquam vitalis nutrimenti nobis abstulit praebitores. Et statim omnes Fratres ad Ministrum remisit, nolens habere eleemosynarios qui panem corporalem acquirerent, postquam panis, spiritualis eleemosynarios non haberent. Quod cum audiret Papa Gregorius statim prohibitum illud in generalis Ministri manibus relaxavit.

TEXTO TRADUZIDO

Legenda de Santa Clara Virgem - 37

Esforço para acolher bem a palavra da santa pregação 

37 Por meio de devotos pregadores, cuidava de alimentar as filhas com a palavra de Deus e não ficava com a parte pior. Quando ouvia a santa pregação, ficava tão inundada de gozo e gostava tanto de recordar o seu Jesus que, uma vez, durante a pregação de Frei Filipe de Atri apareceu um menino muito bonito para a virgem Clara e a consolou durante grande parte do sermão com as suas graças. Diante dessa aparição, a Irmã que mereceu ser testemunha do que a madre viu sentiu-se inundada por uma suavidade inefável.
Não tinha formação literária mas gostava de ouvir os sermões dos letrados, sabendo que na casca das palavras ocultava-se o miolo que tinha a sutileza de alcançar e o gosto de saborear. De qualquer sermão, conseguia tirar proveito para a alma, pois sabia que não vale menos poder recolher de vez em quando uma flor de um áspero espinheiro que comer o fruto de uma árvore de qualidade. 
Uma vez, o papa Gregório proibiu qualquer frade de ir sem sua licença aos mosteiros das senhoras. A piedosa madre, doendo-se porque ia ser mais raro para as Irmãs o manjar da doutrina sagrada, gemeu: “Tire-nos também os outros frades, já que nos privou dos que davam o alimento de vida”. E devolveu ao ministro na mesma hora todos os irmãos, pois não queria esmoleres para buscar o pão do corpo, se já não tinha esmoleres para o pão do espírito. Quando soube disso, o papa Gregório deixou imediatamente a proibição nas mãos do ministro geral.