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TEXTO ORIGINAL

Legenda Sanctae Clarae Virginis - 45

45 Domino autem propitius agente, et iam quasi ad ianuam stante, vult sibi sacerdotes et spirituales Fratres assistere, passionem Domini et sancta verba recitare. Inter quos dum apparet frater Iuniperus, egregius Domini iaculator, qui calida saepe verba Domini eructabat, nova hilaritate perfusa, quaerit si aliquid novi de Domino haberet ad manum. Qui aperiens os suum, de fornace fervidi cordis flammantes verborum scintillas emittit, atque in eius parabolis virgo Dei magnum solatium sumit. 
Lacrymantes tandem se vertit ad filias quibus paupertatem Domini recommendans, beneficia divina laudando commemorat. Benedicit devotos devotasque suas et omnibus dominabus monasteriorum pauperum tam praesentibus quam futuris, largam benedictionis gratiam imprecatur. 
Cetera sine fletu quis referat? Adstant illi duo beati Francisci socii benedicti, quorum unus Angelus moerens ipse, solatur moerentes: alter Leo, recedentis lectulum osculatur. Plangunt filiae destitutae piae matris recessum et quam ultra visurae non essent, prosequuntur cum lacrymis recedentem. Dolent amarissime, totum earum solatium cum illa migrare, seque in valle lacrymarum (cfr. Ps 83,7) relictas non iam a sua magistra ulterius consolandas. 
Vix a dilaceratione corporum solus pudor continet manum et doloris ignem illud efficit acriorem, quod exteriori plantu non sinitur vaporare. Imperat claustralis censura silentium, extorquet vis doloris gemitum et singultum, Tument lacrymis facies et novas adhuc aquas maerebundi cordis impetus subministrat.

TEXTO TRADUZIDO

Legenda de Santa Clara Virgem - 45

45 Mas quando o Senhor agiu mais de perto e já parecia às portas, quis ser assistida por sacerdotes e frades espirituais, para recitarem a paixão do Senhor e suas santas palavras. Aparecendo com eles Frei Junípero, egrégio menestrel do Senhor, que costumava soltar ditos ardentes de Deus, cheia de renovada alegria, ela perguntou se tinha algo novo sobre o Senhor. Ele abriu a boca, deixou sair centelhas ardentes da fornalha do fervoroso coração, e a virgem de Deus ficou muito consolada com suas parábolas. 
Voltou-se enfim para as filhas em lágrimas, recomendando a pobreza do Senhor e lembrando em louvores os benefícios divinos. Abençoou seus devotos e devotas e implorou a graça de uma ampla bênção sobre todas as senhoras dos mosteiros de pobres, tanto presentes como futuras. 
Quem pode contar o resto sem chorar? Aí estão dois benditos companheiros de São Francisco: um, Ângelo, mesmo triste, consola os tristes; outro, Leão, beija a cama da moribunda. Choram as filhas desamparadas pela partida da piedosa mãe e seguem em lágrimas a que se vai e não verão mais na terra. Doem-se muito amargamente, porque, abandonadas no vale de lágrimas, já não serão mais consoladas por sua mestra. 
Só o pudor impede as mãos de dilacerar o corpo, e o fogo da dor torna mais ardente o que não pode evaporar-se com o pranto exterior. A observância claustral impõe silêncio, mas a violência da dor arranca gemidos e soluços. Os rostos estão inchados pelas lágrimas, mas o ímpeto do coração dolorido lhes dá mais água.