Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

  • Fontes Clarianas
  • Fontes Históricas
  • Legendas
  • Legenda de Santa Clara Virgem

TEXTO ORIGINAL

Legenda Sanctae Clarae Virginis - 19

De exercitio sacrae orationis

19 Quae vero sicut in carne praemortua, sic erat a mundo penitus aliena, continuo sacris orationibus et divinis laudibus animam occupabat. Ferventissimam interni desiderii aciem fixerat iam in lucem et quae globum transcenderat terrenorum voluminum, sinum mentis latius expandebat imbribus gratiarum. 
Longis post Completorium tractibus cum sororibus orat et lacrymarum profluvia dum in ipsa prorumpunt, in ceteris excitantur. Postquam vero ceterae fessa membra duris adibant refovere cubilibus, ipsa in oratione pervigil et invicta manebat, ut tunc venas divini susurrii furtive susciperet (cfr. Iob 4,12), quando sopor ceteras occupasset. Saepissime ad orationem prostrata in faciem, terram infundit lacrymis, obsculisque demulcet: ut semper suum Iesum te-nere videatur in manibus in cuius pedes lacrymae illae fluant, et oscula imprimantur. 
Lacrymanti semel profunda nocte adstitit angelus tenebrarum in forma nigri pueruli et ipsam monuit dicens: Ne tantum plores quoniam caeca fies. Cui cum illico responderet: Caecus non erit qui Iesum videbit: confusus ille discessit. 
Eadem nocte post Matutinum orante Clara, et irrigulo solito balneata, monitor fraudulentus accessit: Ne tantum, inquit, fleveris, ne tamdiu resolutum cerebrum per nares emunxerit: 
quoniam adhuc tortum nasum habebis. Cui celeriter respondente: Torturam nullam patitur, qui Domino famulatur; statim elapsus evanuit.

TEXTO TRADUZIDO

Legenda de Santa Clara Virgem - 19

A prática da santa oração 

19 Já morta na carne, estava tão alheia ao mundo que ocupava sua alma continuamente em santas orações e divinos louvores. Tinha cravado na Luz o dardo ardentíssimo do desejo interior e, transcendendo a esfera das realidades terrestres, abria mais amplamente o seio de sua alma para as chuvas da graça. 
Depois de Completas, rezava muito tempo com as Irmãs, e os rios de lágrimas que dela brotavam excitavam também as outras. Mas depois que elas iam repousar os membros cansados nas camas duras, ela ficava rezando, vigilante e incansável, para recolher então o veio do sussurro furtivo (cfr. Jó 4,12) de Deus, quando o sono se apoderara das outras. Muitas vezes, prostrada em oração com o rosto em terra, regava o chão com lágrimas e o acariciava com beijos: parecia ter sempre o seu Jesus entre as mãos, derramando aquelas lágrimas em seus pés, a que beijava. 
Chorava, uma vez, na noite profunda, quando apareceu o anjo das trevas na figura de um menino negro, dizendo-lhe: “Não chore tanto, que vai ficar cega”. Respondeu na hora: “Quem vai ver Deus não será cego”. Confuso, ele foi embora. 
Na mesma noite, depois de Matinas, Clara rezava banhada em pranto como de costume, e chegou o conselheiro enganoso: “Não chore tanto. O cérebro vai acabar derretendo e saindo pelo nariz, deixando-o torto”. Ela respondeu rápido: “Quem serve ao Senhor não sofre nenhum entortamento”. Ele escapou na hora e desapareceu.