Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

  • Fontes Clarianas
  • Fontes Históricas
  • Legendas
  • Legenda de Santa Clara Virgem

TEXTO ORIGINAL

Legenda Sanctae Clarae Virginis - 31

Memoriale quoddam dominicae passionis

31 Advenerat quodam tempore dies sacratissimae Coenae, qua Dominus in fine dilexerat suos (cfr. Ioa 13,1). Circa sero, appropinquante Domini agonia, Clara contristata et maesta, in cellae secretarium se reclusit. Cumque orantem Dominum orans prosequeretur, et tristis usque ad mortem anima (cfr. Mat 26,38) tristitiae illius hausisset affectum, iam iamque captionis et totius illusionis memoria debriata, lecto resedit. 
Tota igitur nocte illa et die sequenti sic absorpta, sic a seipsa permanet aliena, ut irreverberatis circa unum semper intenta luminibus, confixa Christo, ac prorsus insensibilis videretur. Redit familiaris quaedam filia saepe ad ipsam, si forte aliquid velit, et semper eodem modo se habere reperit.
Nocte vero diei sabbati veniente, filia devota candelam accendit, et praeceptum S. Francisci, ad matris memoriam signo, non verbo reducit. Praeceperat enim sanctus, ne ullum sine comestione transiret diem. Illa igitur assistente, Clara quasi aliunde rediens, hoc protulit verbum: Quae candelae necessitas? Numquid non dies est? Mater, ait illa, nox abiit, et dies transivit, noxque altera rediit. 
Cui Clara: Benedictus sit somnus iste, carissima filia; quoniam diu optatus, donatus est mihi. Sed cave ne somnum istum cui-quam referas, dum vixero ipsa in carne.

TEXTO TRADUZIDO

Legenda de Santa Clara Virgem - 31

Uma comemoração da Paixão do Senhor 

31 Chegou, uma vez, o dia da Sagrada Ceia, em que o Senhor amou os seus até o fim (cfr. Jo 13,1). Pela tarde, aproximando-se a agonia do Senhor, Clara, entristecida e aflita, fechou-se no segredo de sua cela. Acompanhando em oração o Senhor que rezava, sua alma triste até a morte (cfr. Mt 26,38) embebeu-se da tristeza dele, a memória foi se compenetrando da captura e de toda derisão: caiu na cama. 
Ficou tão absorta durante toda aquela noite e no dia seguinte, tão fora de si que, com o olhar ausente, cravada sempre em sua visão única, parecia crucificada com Cristo, totalmente insensível. Uma filha familiar voltou diversas vezes para ver se precisava de alguma coisa e a encontrou sempre do mesmo jeito. 
Quando chegou a noite do sábado, a devota filha acendeu uma vela e, sem falar, com um sinal, lembrou sua mãe da ordem que recebera de São Francisco. Pois o santo mandara que não deixasse passar um só dia sem comer. Na sua presença, Clara, como se voltasse de algum outro lugar, disse o seguinte: “Para que a vela? Não é dia?” “Madre, respondeu a outra, foi-se a noite, já passou um dia, e voltou outra noite”. 
Clara disse: “Bendito seja este sonho, filha querida, porque ansiei tanto por ele e me foi concedido. Mas guarde-se de contar este sonho a quem quer que seja, enquanto eu viver na carne”.