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TEXTO ORIGINAL

Legenda Sanctae Clarae Virginis - 46

46 Ad se autem conversa Virgo sanctissima suam animam silenter alloquitur: Vade, inquit, secura, quia bonum habes conductum itineris. Vade, ait, quoniam, qui te creavit santificavit: et te semper custodiens, velut mater filium, tenero amore dilexit. Tu, inquit, Domine, benedictus sis, qui me creasti. 
Quam cum quaedam ex sororibus interrogaret; cui loqueretur, illa respondit: Ego loquor animae meae benedictae. Nec ille gloriosus conductus longe distabat. Nam ad quamdam filiam se convertens, vides tu, inquit, o filia, Regem gloriae quem ego video? 
Super aliam quoque facta est manus Domini (cfr. Ez 1,3) et corporalibus oculis felicem inter lacrymas excipit visum. Iaculo quidem profundi doloris confossa, versus portam domus aciem dirigit oculorum: et, ecce, in vestibus albis turba ingreditur virginum, quae omnes aurea serta, suis capitibus deferebant. Graditur inter eas una praeclarior ceteris, ex cuius corona quae in summo sui, fenestrati thuribili speciem praetendebat, tantus splendor irradiat, ut noctem ipsam in diei lucem intra domum convertat. Procedit ad lectulum, ubi Sponsa Filii decubat, et amantissime se super eam inclinans, amplexum dulcissimum praestat. Profertur a virginibus mirae pulchritudinis pallium, ac certatim deservientibus cunctis, et Clarae corpus tegitur, et thalamus adornatur. 
In crastino igitur beati Laurentii, egreditur anima illa sanctissima, praemio perpetuo laureanda; temploque carnis soluto, spiritus feliciter migravit ad astra. Benedictus hic exitus de valle miseriae, qui introitus ei beatae factus est vitae. Iam pro tenui viatico mensa laetatur civium supernorum; iam pro vilitate cinerum regno beata caelico, aeternae stola gloriae decoratur.

TEXTO TRADUZIDO

Legenda de Santa Clara Virgem - 46

46 A virgem muito santa, voltando-se para si mesma, diz baixinho a sua alma: “Vá segura, que você tem uma boa escolta para o caminho. Vá, diz, porque aquele que a criou também a santificou; e, guardando-a sempre como uma mãe guarda o filho, amou-a com terno amor. E bendito sejais Vós, Senhor, que me criastes!”. 
Uma das Irmãs perguntou com quem estava falando, e ela respondeu: “Falo com a minha alma bendita”. Já não estava longe o seu glorioso séquito, pois, virando-se para uma das filhas, disse: “Você está vendo, minha filha, o Rei da glória que eu estou vendo?”. 
A mão do Senhor pousou também sobre outra que, entre lágrimas, teve esta feliz visão com os olhos do corpo. Transpassada pelo dardo da profunda dor, voltou o olhar para a porta do quarto e viu entrar uma porção de virgens vestidas de branco, todas com grinaldas de ouro na cabeça. Entre elas, caminhava uma mais preclara que as outras, de cuja coroa, que em seu remate tinha uma espécie de turíbulo com janelinhas, irradiava tanto esplendor que mudava a própria noite em dia luminoso dentro de casa. Ela foi até a cama em que estava a esposa de seu Filho e, inclinando-se com todo amor sobre ela, deu-lhe um terníssimo abraço. As virgens trouxeram um pálio de maravilhosa beleza e, estendendo-o todas à porfia, deixaram o corpo de Clara coberto e o tálamo adornado. 
No dia seguinte a São Lourenço, aquela alma muito santa foi receber o prêmio eterno: dissolveu-se o templo da carne, e o espírito foi feliz para o céu. Bendita saída do vale de miséria, que para ela foi entrada na vida bem-aventurada. Em vez do pouco que comia, já se alegra na mesa dos cidadãos do céu; em vez das pobres cinzas, está feliz no reino celeste, ornada de glória eterna.