TEXTO ORIGINAL
1 Alia vice in illis diebus quidam medicus, nomine Bonus Iohannes, de civitate Aretii, qui notus et familiaris erat beato Francisco, in eodem palatio visitavit eum.
2 Quem beatus Franciscus interrogavit de sua infirmitate dicens: “Quid tibi videtur, frater Janni, de hac mea infirmitate hydropisi?”.
3 Nam beatus Franciscus nolebat aliquem nominare, qui nomine vocaretur Bonus, propter reverentiam Domini, qui dixit: Nemo bonus, nisi solus Deus (cfr. Luc 18,19).
4 Similiter nec [patrem nec magistrum volebat aliquem nominare nec] in litteris scribere propter reverentiam Domini qui dixit: Et patrem nolite vobis vocare super terram, nec vocemini magistri (cfr. Mat 23,9.10) etc.
5 Dixit ad eum medicus: “Frater, bene tibi erit (cfr. Sir 1,13) per gratiam Domini”.
6 Nolebat enim dicere quod in brevi deberet mori.
7 Iterum dixit ei beatus Franciscus: “Dic michi veritatem: quid tibi videtur?
8 Noli timere, quoniam per gratiam Dei non sum corculus, ut mortem timeam, quoniam, Domino cooperante (Mar 16,20), per misericordiam et gratiam suam ita sum coniunctus et unitus cum Domino meo, quod eque sum contentus de morte sicut de vita et converso”.
9 Dixit ergo ad eum medicus manifeste: “Pater, secundum physicam nostram infirmitas tua est incurabilis et aut in fine mensis septembris aut quarto nonas Octobris morieris”.
10 Beatus Franciscus cum iaceret in lecto infirmus, cum maxima devotione et reverentia ad Dominum expansis brachiis et manibus (cfr. 1Esd 9,5) cum letitia magna utriusque hominis dixit: “Bene veniat soror mea mors”.
TEXTO TRADUZIDO
65. Coragem diante da realidade
1 Outra vez, naqueles dias, um médico chamado Bom João, da cidade de Arezzo, conhecido e amigo do bem-aventurado Francisco, visitou-o no mesmo palácio.
2 O bem-aventurado Francisco interrogou-o sobre sua doença, dizendo: “Que te parece, irmão João, sobre esta minha doença da hidropisia?”.
3 Pois o bem-aventurado Francisco não queria chamar ninguém de Bom, nem que tivesse esse nome, por reverência ao Senhor, que disse: “Ninguém é bom a não ser Deus (cfr. Lc 18,19).
4 De maneira semelhante não queria chamar ninguém de pai ou mestre, nem o escrevia nas cartas, por reverência ao senhor que disse: E não queirais chamar a ninguém de pai nesta terra, nem vos chameis de mestres (cfr. Mt 23,9.10) etc.
5 Disse-lhe o médico: “Irmão, tu estarás bem, pela graça do Senhor”.
6 Pois não queria dizer que ele ia morrer logo.
7 O bem-aventurado Francisco disse-lhe outra vez: “Diz-me a verdade: que te parece”.
8 Não tenhas medo, porque pela graça de Deus eu não sou covarde, para ficar com medo da morte, pois, com a ajuda de Deus, pro sua misericórdia e graça, estou tão ligado e unido com o meu Senhor, que estão tão contente com a morte como com a vida, e ao contrário.”.
9 Então o médico disse abertamente: “Pai, de acordo com a nossa física, tua doença é incurável e ou no fim do mês de setembro ou no dia 4 de outubro, vais morrer”.
10 O bem-aventurado Francisco, que estava deitado na cama, doente, com a maior devoção e reverência pelo Senhor, abrindo os braços e as mãos, disse com grande alegria interior e exterior: “Seja bem-vinda, minha irmã morte!”.