Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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TEXTO ORIGINAL

Legenda Perusina - 107

1 In die qua domina Iacoba paravit illam comestionem, beato Francisco, recordatus est pater [fratris] Bernardi, dicens sociis suis: “Hec comestio est bona pro fratre Bernardo”. 
2 Et vocans ad se unum de sociis suis dixit ei: “Vade, dicas fratri Bernardo, quod statim veniat ad me”. 
3 Ivit statim frater ille et duxit ipsum ad beatum Franciscum. 
4 Et sedens coram lecto, ubi iacebat beatus Franciscus, dixit frater Bernardus: “Pater, rogo, ut michi benedicas et ostendas michi dilectionem, quoniam [si] paternali affectione in me ostenderis dilectionem, credo quod ipse Deus et ceteri fratres de Religione amplius me amabunt”. 
5 Beatus Franciscus non poterat ipsum videre, quoniam per multos dies ante lumen amiserat oculorum; sed extendens dexteram posuit ipsam super caput (cfr. Gen 48,14) fratris Egidii, qui fuit tertius primorum frater et sedebat tunc iuxta fratrem Bernardum, credens ipsam ponere super caput fratris Bernardi, 
6 et tangens caput fratris Egidii, sicut homo cecutiens, statim cognovit per Spiritum Sanctum dicens: “Hoc non est caput fratris Bernardi mei”. 
7 Frater Bernardus statim appropinquavit [se] magis ipsi. 
8 Beatus Franciscus ponens manum suam super caput (cfr. Gen 48,14.17) ipsius benedixit ipsum. 
9 Insuper dixit uni de sociis suis: “Scribe, sicut dico tibi: Primus frater quem dedit michi Dominus, fuit frater Bernardus, et qui primo incepit et complevit perfectissime perfectionem sancti Evangelii, distribuendo bona sua omnia pauperibus; 
10 propter quod et propter multas alias prerogativas teneor ipsum magis diligere, quem aliquem fratrem totius Religionis. 
11 Unde volo et precipio, sicut possum, ut quicumque fuerit generalis minister, ipsum diligat et honoret tamquam meipsum, ac etiam [alii] ministri provinciales et fratres totius Religionis ipsum teneant vice mea”. 
12 Et plurimum inde consolatus est frater Bernardus et alii fratres videntes hoc.

TEXTO TRADUZIDO

Legenda Perusina - 107

107. Bênção de Frei Bernardo

1 No dia em que dona Jacoba preparou aquele prato, o bem-aventurado Francisco recordou-se como um pai de Frei Bernardo, dizendo: “Este prato é bom para Frei Bernardo”. 
2 Chamando um de seus companheiros, disse: “Vá dizer a Frei Bernardo para vir logo aqui”. 
3 O frade foi imediatamente e o levou ao bem-aventurado Francisco. 
4 Sentando-se na cama em que estava deitado o bem-aventurado Francisco, Frei Bernardo disse: “Pai, peço que me abençoes e me mostres o teu afeto, porque se me mostrares carinho por paternal afeto, creio que o próprio Deus e os outros frades da Religião vão me amar mais”. 
5 O bem-aventurado Francisco não podia enxergá-lo, porque já fazia muitos dias que tinha perdido a luz dos olhos; mas, estendendo a mão direita, colocou-a sobre a cabeça (cfr. Gn 48,14) de Frei Egídio, que foi o terceiro dos primeiros frades e estava sentado perto de Frei Bernardo, achando que a estava colocando sobre a cabeça de Frei Bernardo, 
6 e tocando a cabeça de Frei Egídio, como um cego, logo percebeu pelo Espírito Santo, dizendo: “Esta não é a cabeça de meu Frei Bernardo”. 
7 Frei Bernardo logo foi para mais perto dele. 
8 O bem-aventurado Francisco, pondo a mão sobre sua cabeça, abençoou-o. 
9 Além disso, disse a um de seus companheiros: “Escreve, como te digo: O primeiro frade que o Senhor me deu foi Frei Bernardo, e também o primeiro que começou e terminou perfeitíssimamente a perfeição do santo Evangelho, distribuindo todos os seus bens para os pobres; 
10 por isso, e por muitas outras prerrogativas, tenho que amá-lo mais do que qualquer outro frade da Religião. 
11 Então, quero e mando, quanto posso, que quem quer que for o ministro geral o honre e ame como a mim mesmo, e que também os ministros provinciais e os frades de toda a Religião o tenham como se fosse eu”. 
12 Frei Bernardo ficou muito consolado com isso, e os frades que o viram.