TEXTO ORIGINAL
1 Postea elapsis pluribus mensibus, cum esset beatus Franciscus apud ecclesiam Sancte Marie de Portiuncula iuxta cellam post domum in via, et ille frater locutus est iterum ei de psalterio,
2 Cui beatus Franciscus dixit: “Vade et facias inde sicut dixerit tibi minister tuus”.
3 Quo audito, frater ille cepit redire per viam unde venerat.
4 Beatus Franciscus autem remanens in via cepit considerare id quod dixerat illi fratri,
5 et statim clamavit post ipsum dicens: “Exspecta me, frater, exspecta!”
6 et sic ivit usque ad ipsum dicens illi: “Revertere mecum, frater, et ostende michi locum, ubi dixi tibi, quod faceres de psalterio, sicut diceret tibi minister tuus”.
7 Et pervenientibus ad locum ubi dixerat illi verbum illud, beatus Franciscus inclinavit se coram fratre et stans genu flexo dixit:
8 “Mea culpa, frater, mea culpa, quoniam quicumque vult esse frater minor, non debet habere nisi tunicas sicut Regula sibi concedit et cordam et femoralia et, qui necessitate manifesta coguntur vel infirmitate, calciamenta”.
9 Unde quotquot fratres veniebant ad ipsum pro huiusmodi ad habendum consilium eius, tale responsum exhibebat illis.
10 Quapropter dicebat: “Tantum scit homo de scientia, quantum operatur; et tantum est religiosus bonus orator, quantum ipse operatur”,
11 ac si diceret: “Bona arbor non in alio quam in fructu cognoscitur (cfr. Mat 12,33; Luc 6,44)”.
TEXTO TRADUZIDO
74. Cada um faz tanto quanto sabe
1 Depois, passados vários meses, quando o bem-aventurado Francisco estava perto da igreja de Santa Maria da Porciúncula, perto de sua cela no caminho atrás da casa, e aquele frade falou-lhe de novo sobre o saltério.
2 O bem-aventurado Francisco disse-lhe: “Vá fazer como te disser o teu ministro”.
3 Ouvindo isso, o frade começou a voltar pelo caminho por onde tinha vindo.
4 Mas o bem-aventurado Francisco, permanecendo no caminho, começou a pensar no que tinha dito àquele frade,
5 e logo gritou para ele, dizendo: “Espera-me, irmão, espera!”.
6 e assim foi até junto dele, dizendo: “Volta comigo, irmão, e mostra-me o lugar em que te disse que fizesses do saltério o que te dissesse o teu ministro”.
7 Quando chegaram ao lugar onde tinha dito aquela palavra, o bem-aventurado Francisco inclinou-se diante do frade e, ficando de joelhos, disse:
8 “Minha culpa, irmão, minha culpa, porque quem quiser ser frade menor não deve ter senão as túnicas, como a regra lhe concede, o cordão e os calções e, os que forem obrigados por manifesta necessidade ou doença, os calçados”.
9 Por isso, a todos os frades que iam a ele para ter seu conselho a respeito disso, dava-lhes essa resposta”.
10 Por isso dizia: “Uma pessoa tem tanto conhecimento de ciência quanto põe em prática; e um religioso é tão bom orador quanto ele mesmo pratica”.
11 Como se dissesse: uma árvore boa não é conhecida senão pelo seu fruto (cfr. Mt 12,33; Lc 6,44)”.