TEXTO ORIGINAL
[17]
1 Cum beatus Franciscus esset in quodam monte cum fratre Leone de Assisio et fratre Bonizo de Bononia ad faciendum Regulam — quia prima erat perdita, quam, Christo docente, scribi fecit — congregati ministri quamplures ad fratrem Heliam, qui erat vicarius beati Francisci, dixerunt sibi:
2 “Audivimus quod iste frater Franciscus facit unam novam Regulam; timemus, ne faciat ita asperam, quod non possimus eam servare.
3 Volumus quod vadas ad eum et dicas ei, quod nos nolumus esse obligati ad illam Regulam; faciat pro se et non faciat pro nobis”.
4 Quibus frater Helias respondit, quod nolebat ire, timens reprehensionem fratris Francisci.
5 Tunc illis instantibus quod iret, dixit se nolle ire sine ipsis. Et tunc omnes iverunt.
6 Et cum esset frater Helias cum dictis ministris prope locum ubi stabat beatus Franciscus, vocavit eum;
7 quo respondente et vidente ministros predictos, dixit beatus Franciscus: “Quid volunt isti fratres?”.
8 Et frater Helias respondit: “Isti sunt ministri, qui audientes quod tu facis novam Regulam, et timentes quod facias nimis asperam, dicunt et protestantur quod nolunt ad eam esse obligati.
9 Facias pro te, et non pro eis”.
10 Tunc beatus Franciscus vertit faciem suam versus celum et loquebatur sic Christo: “Domine, nonne bene dixi, quod non crederent tibi?”.
11 Tunc audita est vox in aëre Christi respondentis: “Francisce, nichil est in Regula de tuo, sed totum est meum quicquid est ibi.
12 Et volo quod Regula sic observetur ad litteram, ad litteram, ad litteram, et sine glossa, et sine glossa, et sine glossa”.
13 Et addidit: “Ego scio quantum potest humana infirmitas, et quantum volo eos iuvare.
14 Qui nolunt eam servare, exeant de Ordine”.
15 Tunc beatus Franciscus vertit se ad fratres illos et dixit eis: “Audistis? audistis? vultis quod iterum faciam vobis dici?”.
16 Tunc ministri illi confusi et se inculpantes recesserunt.
TEXTO TRADUZIDO
[17]
1 Quando o bem-aventurado Francisco estava em certo monte com Frei Leão de Assis e Frei Bonício de Bolonha para fazer a Regra — porque a primeira, que tinha mandado escrever ouvindo Cristo — muitos ministros se reuniram com Frei Elias, que era o vigário do bem-aventurado Francisco, e lhe disseram:
2 “Ouvimos que esse Frei Francisco está fazendo uma regra nova; tememos que a faça tão áspera que não a possamos observar.
3 Queremos que te apresentes a ele e lhe digas que nós não queremos ser obrigados a essa Regra; faça-a para ele, não para nós”.
4 Frei Elias respondeu-lhes que não queria ir, pois temia a repreensão de Frei Francisco.
5 Como eles insistiam para que fosse, disse que não iria sem eles. Então, foram todos.
6 Quando Frei Elias estava com esses ministros perto do lugar onde estava o bem-aventurado Francisco, chamou-o;
7 quando o bem-aventurado Francisco respondeu e viu os referidos ministros, disse: “O que querem esses frades?”
8 Frei Elias respondeu: “Estes são ministros, que, ouvindo dizer que fazes uma nova Regra, e temendo que a faças áspera demais, dizem e protestam que não querem ser obrigados a ela.
9 Que a faças para ti, e não para eles”.
10 Então o bem-aventurado Francisco voltou sua face para o céu e assim falou com Cristo: “Senhor, eu não disse que não creriam em ti?”
11 Então se ouviu no ar a voz de Cristo que respondia: “Francisco, não há nada de teu na Regra; tudo que está lá é meu”.
12 E quero que a regra seja observada à letra, à letra, à letra, e sem glosa, sem glosa, sem glosa”.
13 E acrescentou: “Eu sei do que é capaz a fraqueza humana e quanto quero ajudá-los.
14 Os que não quiserem observá-la, que saiam da Ordem”.
15 Então o bem-aventurado Francisco voltou-se para aqueles frades e lhes disse: “Ouvistes? Ouvistes? Querem que os faça ouvir outra vez?”.
16 Então aqueles ministros, confundidos e reconhecendo sua culpa, foram embora.