É um poema épico com 1.725 versos hexâmetros, divididos em 49 capítulos. O único texto conhecido está contido no famoso códice 338 de Assis, composto por cadernos que datam do fim do sec. XIII ou do começo do XIV. No fim do sec. XIX já eram conhecidos alguns fragmentos publicados em obras de diversos autores. Mas uma edição completa só saiu em 1912, feita por Benvenuto Bughetti, no Archivum Franciscanum Historicum, de onde nós a copiamos. Mas, hoje em dia, está publicada também nas Fontes Franciscani, em latim.
Não conhecemos nenhuma tradução em outra língua. A nossa deve estar sendo a primeira. Provavelmente porque o poema não tem quase nenhuma informação a mais, e por ser pobre como poesia. Seria muito difícil traduzi-la em versos mantendo fidelidade ao original.
Trata-se de uma interessante obra medieval, escrita provavelmente entre os anos de 1254 e 1255, porque Santa Clara já tinha morrido mas ainda não tinha sido canonizada. O papa era Alexandre IV, que entrou em dezembro de 1254 e ficou até 1261.
Autor
Não se conhece o autor dessa Legenda. Foi atribuída a diversas pessoas, como Henrique de Avranches (que escreveu um poema épico sobre São Francisco), Frei João de Cavriana, São Boaventura e Tomás de Celano, mas não deve ser de nenhum deles, porque o estilo é diferente. Parece tratar-se de alguém que pertencia à Cúria Romana, pois teve acesso à documentação então existente e faz rasgados elogios ao papa Alexandre IV.
Fontes e data
O próprio autor, no vers. 56, diz: "Polindo o texto da história de acordo com a métrica...", o que demonstra que fez pouco mais do que colocar em versos a Legenda de Celano. Mas há uma teoria segundo a qual Celano teria feito diversas versões da "Legenda". A "Versificata" baseou-se em uma das versões não definitivas, quando Santa Clara ainda não tinha sido canonizada.
Embora alguém tenha dito que é "uma catedral em versos", seu valor artístico é bastante reduzido. Mas tem sua originalidade.
Quanto às informações, não tem praticamente nada de novo em relação à Legenda de Celano. Um fato interessante é contar que, quando Santa Clara estava no velório, os bispos colocavam os próprios anéis nos dedos dela, para obter alguma virtude da santa.
A sigla deste documento será LgVs seguida pelos números dos capítulos.