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TEXTO ORIGINAL

Legenda Versificata - 11

XI- De sancta eius humilitate. 

Ordinis ista sui primus lapis et studiosa 
Nutrix et custos, cupiens formare puellas 
Virtutum studiis, humilis, quasi provida mater, 
Virtutis gemmam prefert in dogmate morum: 
Hanc colit, hanc optas proprias vestire Sorores. 
Ex que virtute, velud ex radice beata, 
Mentis in affectu plantaria sancta virescunt. 
Virtutes alias hec condit, easque colorat, 
Et donis mentes aptas redditque capaces. 
Hec memor humani lapsus, quasi mentis ysopus 
Mundificat sensus anime, pellitque tumorem. 
Hec, veluti Sponsi summi specialis amica, 
Virginis in mente residens: actuque refulgens, 
Suggerit ut, quamvis existas in Ordine prima, 
Spernat primatum renuatque magistra vocari (cfr. Mat 23,8).
Suscipit invita, Francisco precipiente, 
Offitii pondus, curam regimenque Sororum; 
Nil tamen offitio gessit grave, nilque superbum 
Intulit; immo quis servis prelata, suoque 
Virgo ministerio minor est et forma minorum. 
Exemplum retinens Domini summique magistri, 
Non sibi serviri querit, servire parata. 
Moribus ipsius velud in speculo speculatur 
Queque puella sue se non preferre sorori, 
Set magis ut studeat maior servire minori, 
Maioremque minor animo veneretur, honoret. 
Hoc in matre legunt, repetunt exempla magistre. 
Offitiosa nimis, mater plerumque sororum 
Fundit aquas manibus, sotiisque sedentibus astat; 
Sordida nec fugiens, nec fetida virgo perhorrens, 
Abluit egrotis tergitgue sedilia feda, 
Et pedibus famularum lotis obscura prebet. 
Nec reticere volo quoddam memorabile factum 
Cum semel hec famule pedibus sua flecteret ora, 
Obstupuit famula, non passa, pedemque retraxit; 
Et pede subtracto dominam percussit in (h)ore. 
Iocunda facie tulit hoc, blandeque resumit 
Virgo pedem famule, plante tnox obs[c]ula figens:

TEXTO TRADUZIDO

XI – A sua santa humildade. 

Esta primeira pedra de sua ordem, esforçada nutriz e guarda, querendo formar as filhas na busca das virtudes, como uma mãe humilde e previdente, colocou em primeiro lugar a gema da virtude no ensino dos costumes: foi esta que cultivou, foi esta que escolheu para vestir as próprias Irmãs. 
Da qual virtude, como de uma raiz bem-aventurada, vicejam no afeto da mente as santas plantações. Esta é a que constrói as outras virtudes, que lhes dá cor e com seus dons torna capazes as mentes aptas. 
Esta, lembrada da queda humana, como um hissope da mente, purifica o sentido da alma, expulsa o enchimento. Esta, como uma amiga especial do sumo esposo, morando na mente da virgem e brilhando em suas ações, sugere que, apesar de ser a primeira na Ordem, despreze o primado e se recuse a ser chamada de mestra. 
Ela recebeu contra a vontade, por ordem de Francisco, o peso do cargo, o cuidado e o governo das Irmãs. Mas, no cargo, não fez nada de grave, nem deu nenhum motivo de soberba. Até como prelada às servas, a virgem foi menor por seu ministério e forma das menores. 
Seguindo o exemplo do Senhor e Mestre supremo, não buscava ser servida mas estava preparada para servir. Olhava-se em seus costumes como quem se espelhasse em um espelho. 
Que cada filha não quisesse passar à frente da Irmã, mas que antes a maior procurasse servir a menor. Era isso que liam na madre, e repetiam o exemplo da mestra. Sempre prestativa, a madre muitas vezes derramava a água nas mãos da Irmãs, e servia as companheiras à mesa. A virgem não fugia da sujeira nem ficava horrorizada com o que cheirava mal: lavava as doentes e enxugava as cadeiras feias, fazendo-se obscura ao lavar os pés das criadas. 
E não quero deixar de contar um fato memorável: quando, uma vez, ela inclinou a boca para os pés de uma criada, a criada se espantou, puxou o pé e, ao puxá-lo, bateu com ele na boca da senhora. Ela mostrou um rosto agradável, e retomou com doçura o pé da serva, dando-lhe logo um beijo na planta.