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TEXTO ORIGINAL

Legenda Versificata - 47

XLVII - De liberatis a lupo. 

Contigit Asisii partes feritate luporum 
Vexari; rabies sic creverat ipsa ferarum, 
Quod pascebantur humanis carnibus. Inde 
Accidit ut mulier, geminum que pignus habebat, 
Cui Bona nomen erat, nati, qui preda luporum 
Extiterat, planctum vix explevisset; et ecce, 
Stante domi matre, festinat bestia seva, 
In reliquum puerum dentes infigit, eumque 
Arripit, in silvam portat. Stridoribus eius 
Auditis, currunt homines; si mater haberet 
Infantem querunt, et in hec sibi verba locuntur: 
‘Insolitos fletus paulo persensimus ante’. 
Agnoscens mater quod eum lupus arripuisset, 
Voces extollit, ullulatibus aera complet; 
Quod reddat natum Claram deposcit, et addit 
Ni sibi restituat quod se demerget in amnem. 
Currunt vicini, per silve devia querunt 
Quem lupus abstulerat puerum, predamque relictam 
A sevo predone vident. Mirabile quiddam! 
Quod fera direptam predam, feritate remissa, 
Dimisit; sanum quod ceperat ipsa reliquit 
Ingluvies: visumque satis delectat eorum 
Quod canis ipsius lingebat vulnera. Cuius 
Cervici primos iniecit bellua morsus; 
Quem levius portare volens, de renibus eius 
Inplevit fauces, et signa reliquit in ipso 
Non levis attractus. Pro voto mater ad ipsam 
Claram festinat, et nati stigmata cunctis 
Ostendit, laudesque Deo Clareque rependit.

TEXTO TRADUZIDO

Legenda Versificada - 47

XLVII – Libertados de lobos

Aconteceu que a região de Assis foi atormentada pela ferocidade dos lobos. A raiva das feras crescera a tal ponto que se alimentavam de carne humana. Sucedeu, então, que uma mulher que tinha dois filhos e se chamava Bona, mal tinha acabado de chorar um deles, que fora presa dos lobos, quando uma fera cruel, estando a mãe em casa, meteu os dentes no menino que sobrara e o arrastou, levando-o para a floresta. Ouvindo seus gritos, os homens correram. Perguntaram à mãe se estava com o filho, dizendo-lhe estas palavras: “Acabamos de ouvir uns choros estranhos”. 
Percebendo a mãe que o lobo o arrebatara, levantou a voz, enchendo o ar de gritos. Rogou a Clara que lhe devolvesse o filho e acrescentou que, se não o devolvesse, ela mergulharia no rio. 
Os vizinhos acorreram, procuraram pelos desvãos do mato o menino que o lobo pegara e encontraram a presa abandonada pelo cruel predador. Que maravilha! Que a fera, deixando de lado a braveza, tinha abandonado a presa roubada. A própria voracidade devolveu são aquele que tinha tomado. E todos se alegraram muito quando viram que um cão lambia as feridas. 
A fera começara dando as primeiras mordidas na cabeça dele, mas, para levá-lo com mais facilidade, encheu a boca com a sua cintura, e deixou os sinais de que a dentada não fora leve. 
Pelo voto, a mãe correu para Clara e mostrou a todos as cicatrizes do filho, dando graças a Deus e a Clara.