Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

  • Fontes Clarianas
  • Fontes Históricas
  • Legendas
  • Legenda Versificada

TEXTO ORIGINAL

Legenda Versificata - 25

XXV - De quadam miraculosa consolatione 
quem ei Christus in infirmitate fecit.
 

Celestis mensor homini condigna rependens, 
Virginis exequat studium votumque repensat. 
Ut memor est Christi senper, nec deprimit ipsam 
Languor, set languens in Christi fervet amore; 
Sic et eam Christus condulcat, lenit et egram 
Visitat, adque pio mentem solamine mulcet. 
Accidit ut pueri Christi natalis adesset 
Nox, que mundane proscribit nubila noctis. 
Non habet obscurum, splendet nox ipsa novata 
Lumine perpetui solis nascentis in orbem. 
Hec nox, immo dies, est in qua, teste propheta, 
Mella fluunt colles et stillant dulcia montes (cfr. Ioel 3,18); 
Qua, puero nascente, polus nova dona propinat 
Terris, et mundo nubit substantia celi. 
Etherei cives iubilant hac nocte beata, 
Nuntiat angelicus cetus nova gaudia mundo. 
Ad Matutinum surgunt hac nocte Sorores 
Ut Christo iubilent, infirma matre relicta; 
Que Puerum natum recolens nimiumque dolensque, 
Laudibus ipsius languens non possit inesse 
Christo conqueritur, et cordis supplice voce 
Alloquitur sponsa Sponsum, suspirat et inquit: 
‘Ecce vides, Domine, quod sum tibi sola relicta’ 
Nec mora. Concentus mirabilis ille beati 
Francisci sonuit in virginis auribus; audit 
Psallentes Fratres: nec erat locus ille propinquus, 
Qui nisi celesti nutu perlata fuissent 
Organa, seu dono summe virtutis adauctus 
Corporis auditus fores, hec attingere numquam 
Humano more potuisset virginis auris. 
Nec nimis hoc mirum reputo; magis esse benignum 
Credo, quod ad dulce solamen sola videre 
Christi presepe meruit. Post, mane secuto, 
Intulit hoc sotiis: ‘Benedictus sit Deus! Ipse 
Me non deseruit solam; sua grafia fecit 
Quod mea percepit auris sollempnia tota, 
Que chorus in sancti Francisci concinit aula’.

TEXTO TRADUZIDO

Legenda Versificada - 25

XXV – Uma milagrosa consolação que Cristo lhe deu na doença

Aquele que, no céu, calcula o que o homem merece, satisfez o esforço da virgem e atendeu seu desejo. Como estava sempre recordando Cristo e não se deixava abater pelo sofrimento; antes, sofrendo, fervia no amor de Cristo. Então Cristo a consolava, aliviava-a e a visitava quando estava doente e a agradava com um piedoso consolo da mente. 
Aconteceu de chegar a noite do Natal do Menino Jesus, que acabou com as névoas mundanas da noite. Essa noite não tem escuridão: brilha ela mesma renovada pela luz do sol perpétuo que está nascendo no mundo. Esta noite (ou melhor, este dia), é aquela em que, como testemunhou o profeta, as colinas derramam mel e pelos montes escorrem doçuras (cfr. Joel 3,18). Nela, nascendo um menino, o polo oferece à terra novos dons e a substância do céu cobre o mundo como uma nuvem. Os habitantes das alturas se rejubilam nessa noite feliz, e um grupo de anjos anuncia ao mundo novas alegrias. 
Nessa noite, as Irmãs levantaram-se para as matinas, para se rejubilarem com Cristo, deixando a madre, que estava doente. Ela, recordando o menino nascido e sofrendo muito, porque estava mal e não podia tomar parte nos louvores, reclamou com Cristo e, com voz suplicante do coração, falou, como uma esposa ao Esposo, suspirando e dizendo: “Estás vendo, Senhor, que me deixaram sozinha?”. 
Não demorou. O canto admirável do bem-aventurado Francisco soou nos ouvidos da virgem: ouviu os frades cantando salmos. O lugar não era perto. A não ser que, por permissão divina, os órgãos tivessem sido estendidos, ou por dom da virtude suma fosse aumentado o sentido do ouvido corporal, jamais do jeito humano a audição da virgem poderia ter captado essas coisas. 
E eu nem acho isso admirável demais. Acho que foi só por bondade que só ela mereceu ver essa doce consolação do presépio de Cristo. 
Depois, quando chegou a manhã, disse às companheiras: “Bendito seja Deus! Ele não me deixou sozinha. Por sua graça fez que meu ouvido percebesse toda a solenidade que o coro cantou na igreja de São Francisco”.