TEXTO ORIGINAL
XXIV- De mira devotione erga Sacramentum altaris.
Ex operis fructu se mens exponit, et eius
Res foris exemplat votum. Sic virginis huius
Quod fuerit mentis studium, devotio queve
Ad Christi mensam, qua conficiente ministro
Pignoris eterni libamina sancta geruntur,
Pandit opus manuum, digitorum publicat actus.
Cum nimis egrotans in lecto [Clara] iaceret,
Erigitur pannis submissis furta, sedensque
Filabat pannos, in particulasque recisos
Et sericis thecis seu purpureisque reclusos,
Ad decus altaris Sacramentique decorem
Prompta per ecclesias Christi dispensat amore.
Denique sumptura corpus Dominique cruorem,
Se calidis lacrimis rorat, Christumque latentem
Non minus in spetie panis timet et veneratur,
Quam veneretur eum celum terramque regentem.
TEXTO TRADUZIDO
XXIV – Admirável devoção ao Sacramento do Altar.
Conhece-se a mente pelo fruto de sua obra e os fatos de fora são exemplos do que se quer lá dentro. Sim, a obra das mãos e o trabalho dos dedos demonstravam qual era o esforço da mente desta virgem, qual a sua devoção na mesa de Cristo em que, por obra do ministro, apresentam-se as santas libações ao eterno penhor.
Quando Clara estava de cama, e muito doente, erguendo-se em panos apoiados por baixo, ficava sentada e fiava tecidos que, divididos em pedaços e guardados em bolsas de seda ou de púrpura, era distribuídos prontos, com amor, pelas igrejas de Cristo para decoro do altar e do sacramento.
Depois, quando ia receber o corpo e o sangue do Senhor, lavava-se em calorosas lágrimas, tinha respeito e veneração tanto por Cristo na espécie do pão quanto o venerava a reger o céu e a terra.