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TEXTO ORIGINAL

Legenda Versificata - 6

VI- De notitia et familiaritate beati Francisci. 

Virgo, ducis sacri concivis et emula vite, 
Eius perflata fame frag[r]antis odore, 
Non tepido corde cupit hunc audire, videre. 
Voto conveniunt parili: vir sanctus ad eius 
Non minus ardebat aspectum, famine dulci 
Sperans predo bonus talem divellere predam 
De mundi laqueis, studiis vincire supernis. 
Qui magis ardebat et quem plus forte decebat, 
Prevenit hanc visu, persepe revisus ab illa; 
Alternantque vices et congrua tempora captant, 
Ne sacris studiis rumor dispendia prestet. 
Ad sanctum patrem pergit studiosa puella 
Gressibus occultis, una contenta sodali. 
Vir sanctus loquitur; suspendunt verba puellam, 
Et rapitur quocumque rapit doctrina loquentis. 
Persuadere studens in mundi verba reducit 
Conte[m]ptum, fore vana docens hec gaudia mundi: 
Delicias, census, mundi labentis honores, 
Formas, picturas et cuncta sophismata rerum 
Assimilat fumo, fugienti comparat unbre. 
Sicque sub hus verbis procedens, dogmate sacro 
Illecebras dampnat, ferit et commertia carnis; 
Admmonet ut virgo voveat se nubere Christo, 
Laudibus extollens insignia virginitatis. 
Non magis insistam. Sic concludente magistro, 
Virgo dat assensum. Que prenascentis amoris 
Igniculo caluit, eius crescente calore 
Fortius ardescit; quod preconceperat intus, 
Promovet exterius. Tenpus sibi querit et horam. 
I[n]star habet cythare quasi plectro voce citata, 
Dum parens monitis reddit se virgo sonoram: 
Auris pulsatur, ignescunt viscera; sic sic 
Massa rudis flamma fit ductilis, igne domatur, 
Cuditur in pulcram, deducitur inde monetam.

TEXTO TRADUZIDO

Legenda Versificada - 6

VI – Conhecimento e familiaridade de Francisco. 

A virgem, concidadã do comandante sagrado e êmula de sua vida, quando teve conhecimento do odor de sua chama fragrante, quis ouvi-lo e vê-lo, com um coração nada tíbio. 
Encontraram-se por vontade de ambos: o homem santo não tinha menor desejo de vê-la, pois esperava, por uma doce fome, como um bom predador, arrancar tal presa dos laços do mundo para prendê-la aos esforços supernos. Como era ele quem mais ardia, e era mais conveniente para ela, foi ele quem a visitou primeiro, e foi muitas vezes visitado por ela. Alternaram as vezes e escolheram os tempos mais adequados, para não dar ocasião de boatos a suas intenções sagradas. A dedicada donzela foi ao santo pai ocultamente, contentando-se com uma companheira. 
O homem santo falava. Suas palavras suspendiam a moça, que era arrebatada para onde a levava a doutrina de quem falava. Tentando persuadi-la, levava com suas palavras a desprezar o mundo, ensinando que eram vãos os gozos desta terra: delícias, opiniões, honras de um mundo que passa, formas, pinturas, e todos os sofismas das coisas ele assemelhava à fumaça, comparava com a sombra que foge.
Assim, continuando com essas palavras, condenava com a doutrina sagrada os enganos, feria também a união da carne. Exortava a virgem a prometer que iria desposar Cristo, exaltando com louvores os insignes valores da virgindade. 
Não vou insistir mais. Quando o mestre fez essa conclusão, a virgem concordou. Ela, que tinha se aquecido com o pequeno fogo de um amor que nascia, ardeu mais fortemente quando seu calor cresceu. E pôs em prática no exterior o que tinha concebido interiormente. Procurou o tempo e a hora. 
Parecia uma cítara que tivesse sido tocada pela voz quando a virgem se fez sonora obedecendo aos conselhos: foi tocada nos ouvidos, pegou fogo por dentro. É assim que a massa rude torna-se dúctil na chama, é domada pelo fogo, cunha-se em algo bonito, produzindo uma moeda.