Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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  • Crônica de Jordão de Jano

TEXTO ORIGINAL

Chronica Fratris Iordani - 16

16 Anno ergo Domini 1221 X° Kalendas Junii indictione 14 in sancto die Penthecostes beatus Franciscus apud sanctam Mariam de Portiuncula celebravit capitulum generale. Ad quod capitulum secundum consuetudinem ordinis, que tunc erat, tam professi quam novicii convenerunt et estimati sunt fratres, qui tunc convenerant, ad tria milia fratrum. Isti capitulo interfuit dominus Reynerius dyaconus cardinalis cum pluribus aliis episcopis et religiosis. Ad cuius mandatum episcopus quidam missam celebravit. Et beatus Franciscus creditur tunc evangelium legisse et frater alius epistolam. Fratres autem cum pro tot fratribus edificia non haberent, in campo spacioso et circumsepto sub umbraculis habitabant, comedebant et dormiebant viginti tribus mensis ordinate et distincte et spaciose compositis. Ad istud capitulum serviebat populus terre mente promptissima panem et vinum habunde ministrantes gavisi super congregacione tantorum fratrum et reditu beati Francisci. In hoc capitulo beatus Franciscus assumpto themate“Benedictus Dominus Deus meus, qui docet manus meas ad prelium” (Ps 18,33) fratribus predicavit et docens virtutes et monens ad pacienciam et ad exempla mundo demonstranda. Similiter fiebat sermo ad populum et fiebat edificacio in populo et in clero. Quanta autem tunc temporis inter fratres fuerit caritas, paciencia, humilitas et obediencia et fraterna iocunditas, quis valet explicare? Tale enim capitulum tam in fratrum multitudine quam ministrantium sollempnitate non vidi in ordine. Et licet tanta erat fratrum multitudo, tamen tam hylariter populus omnia ministrabat, ut post VII dies capituli fratres sint compulsi portam claudere et nihil recipere et insuper duos dies remanere, ut expenderent oblata et recepta.

TEXTO TRADUZIDO

Crônica de Jordão de Jano - 16

16 Portanto, no ano do Senhor de 1221, no dia 23 de maio, na XIV indicção, no santo dia de Pentecostes, o bem-aventurado Francisco celebrou o Capítulo geral em Santa Maria da Porciúncula. A este Capítulo, conforme o costume então existente na Ordem, compareceram tanto os professos quanto os noviços; e os irmãos que compareceram foram calculados em três mil frades; tomou parte nesse Capítulo o senhor Rainério, cardeal diáco­no, com muitos outros bispos e religiosos. Por ordem dele, um bispo celebrou a missa. E acredita-se que o bem-aventurado Francisco então tenha lido o Evangelho; e outro irmão a epístola. Mas os irmãos, como não havia prédios para tantos frades, acomodavam-se sob esteiras em campo espaçoso e cercado, comiam e dormiam em vinte e três mesas dispostas de manei­ra ordenada, separada e espaçosa. Nesse Capítulo, o povo da terra servia com prontidão, fornecendo pão e vinho, alegres por uma reunião de tantos frades e pela volta do bem-aventurado Francisco. Nesse Capítulo, o bem-aventura­do. Francisco, tomando o tema “Bendito o Senhor meu Deus que adestra minhas mãos para o combate” (cf. Sl 18,35), pregou aos frades, ensinando as virtudes e admoestando sobre a paciência e os exemplos a dar ao mundo. De modo semelhante era feito o sermão ao povo; e tanto o povo quanto o clero ficavam edifica­dos. Quem pode explicar quanta caridade, paciência, humilda­de, obediência e alegria fraterna existiam naquele tempo entre os frades? De fato, não vi na Ordem um Capítulo como esse, tanto pela multidão dos irmãos quanto pela solenidade dos que servi­am. E embora fosse tão grande a multidão dos frades, o povo fornecia tudo tão alegremente que, após sete dias de Capítulo, os frades foram obrigados a fechar a porta, sem nada re­ceber, ficando dois dias a mais para consumirem o que já tinha sido dado e recebido.