Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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TEXTO ORIGINAL

Chronica Fratris Iordani - 47

47 Eodem anno missus est a fratre Alberto de Pisa ministro Theutonie fratri Jordano tunc custodi Thuringie in consolacionem et subsidium frater Nicolaus de Reno sacerdos et iuris peritus, qui dictus est Nicolaus humilis. Que virtus in eo specialiter emicuit. Qui obiit Bononie copiosum habens testimonium sanctitatis. Cui cum frater Jordanus inter Gotham et Ysenacum occurreret, reverenter et fraterne se in osculo salutaverunt et sic consederunt.
Frater vero Nicolaus homo humilis et simplicitatis columbine cum sederet reverenter in silencio coram fratre Jordano, frater Petrus de Ysenaco, fratris Nicolai socius, homo hylaris et jocundus, sciens fratris Nicolai humilitatem, dixit ei: “Frater Nicolae, non agnoscis regem et dominum nostrum?” Et ille coniunctis manibus humiliter respondit: “Libenter cognosco et servio domino meo.” Et frater Petrus adiecit: Ipse enim est custos noster.” Quo audito surrexit et culpam suam dixit cum longa venia, quod tam irreverenter ipsum recepisset. Et surgens cum omni humilitate flexis genibus fratri Jordano litteras sue obedientie presentavit.
Frater vero Jordanus misit ipsum in domum Erfordensem, ut ibi mandatum suum expectaret. Et post tres ebdomadas frater Jordanus misit ei litteras, ut ibidem esset gardianus. Quas reverenter suscipiens ait: “Et quid mihi fecit pater noster?” Frater vero Jordanus de humilitate fratris Nicolai ita confusus erat, ut ipsum ferre vix posset et infra sex ebdomadas venire Erfordiam non auderet. Frater vero Nicolaus sua presencia fratres melius in sua disciplina tenebat quam aliquis alius inveccionibus et preceptis.

TEXTO TRADUZIDO

Crônica de Jordão de Jano - 47

47 No mesmo ano, foi enviado por Frei Alberto de Pisa, ministro da Alemanha, a Frei Jordão, então custódio da Turín­gia, como consolo e auxílio, Frei Nicolau do Reno, sacerdote e perito em direito, que era chamado Nicolau, o Humilde. Essa virtude refulgia nele de maneira especial. Morreu em Bolo­nha, com amplos testemunhos de santidade. Quando Frei Jor­dão foi encontrá-lo, entre Gotha e Eisenach, saudaram-se reverente e fraternalmente com um ósculo e se sentaram juntos.
Como Frei Nicolau, homem humilde e simples como uma pomba, ficou respeitosamente sentado em silêncio diante de Frei Jordão, Frei Pedro de Eisenach, companheiro de Frei Nico­lau, homem alegre e bem humorado, conhecendo a humildade de Frei Nicolau, disse-lhe: “Frei Nicolau, não conheces nosso rei e senhor?” E ele, com as mãos juntas, respondeu humildemente: “Conheço e com prazer sirvo o meu senhor”. E Frei Pedro acres­centou: “Pois este é o nosso custódio”. Tendo ouvido isto, levan­tou-se e confessou a sua culpa com longa vênia, porque o tinha recebido de maneira tão irreverente. Levantou-se com toda humildade e, de joelhos, apresentou a Frei Jordão sua carta de obediência.
Frei Jordão enviou-o para a casa de Erfurt, para aí esperar a sua ordem. Depois de três semanas, Frei Jordão enviou-lhe a carta para ser guardião aí mesmo. Recebendo-a reverentemente, disse: “E o que me fez nosso pai?” Frei Jordão ficava tão confuso por causa da humildade de Frei Nicolau que mal podia estar na presença dele, e, por um período de seis semanas, não ousou ir a Erfurt. Frei Nicolau, porém, mantinha os irmãos na disciplina melhor pela sua presen­ciado que um outro com duras repreensões e prescrições.