TEXTO ORIGINAL
Caput 32. Qualiter quidam pauper virtute eleemosynae beati Erancisci; remisit injurias et odium domino suo.
1 Apud Collem, comitatus Perusii, beatus Franciscus reperit quemdam pauperem quem prius noverat in saeculo; dixitque ad eum: “Frater, qualiter te habes?”. 2 At ille, irato animo coepit contra dominum suum maledicta proferre, dicens: “Gratia domini mei, cuiDominus maledicat (cfr. Gen 5,29), non possum mehabere nisi male (cfr. Mat 4,24), eo quod abstulit mihi omnia mea!”.
3 Videns autem beatus Franciscus ipsum in odio mortali persistere, miseratus animam ejus, ait illi: “Frater, indulgeas domino tuo, amore Dei, ut liberes animam tuam (cfr. Est 4,13), et possibile est quod ipse tibiablata restituat (cfr. Ex 22,12); alioquin, et res tuas perdidisti, et animam tuam perdes (cfr. Luc 9,24)”. 4 Et ille dixit: “Non possum penitus indulgere nisi prius ea quae abstulit reddat mihi”. — Tunc beatus Franciscus dixit ei: “Ecce do tibi hunc mantellum, et precor te ut indulgeas domino tuo, amore Domini Dei”.
5 Et statim dulcoratum est cor ejus, ac beneficio provocatus remisit injurias domino suo.
TEXTO TRADUZIDO
Capítulo 32. Como um pobre, em virtude da esmola do bem-aventurado Francisco, perdoou as injúrias e deixou de odiar a seu senhor.
1 Em Colle, no condado de Perusa, São Francisco encontrou um pobre que conhecera antes, no século, e lhe disse: “Irmão, como estás?” 2 E ele, enfurecido, começou a proferir maldições contra seu senhor, dizendo: “Graças a meu amo, que o Senhor o amaldiçoe (cf. Gn 5,29), só posso ir mal (cf. Mt 4,24), pois me roubou tudo que era meu!”
3 Vendo o bem-aventurado Francisco que ele persistia num ódio mortal, teve pena de sua alma e disse-lhe: “Irmão, por amor de Deus, perdoa a teu senhor, para que libertes tua alma (cf. Est 4, 13), e é possível que ele restitua o que te tomou (cf. Ex 22,12); caso contrário, perdeste as tuas coisas e perderás a tua alma” (cf. Lc 9,24). 4 Ele disse: “Simplesmente não posso perdoar, a não ser que antes devolva o que me tomou”. Então o bem-aventurado Francisco lhe disse: “Eis que te dou este manto e te peço que, por amor de Deus, perdoes a teu senhor”.
5 Imediatamente, o coração dele se apaziguou e, movido pelo benefício, perdoou as injúrias do seu senhor.