Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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TEXTO ORIGINAL

Speculum perfectionis - 46

Caput 46. Quod usque ad mortem voluit habere guardianum unum de sociis quis et vivere in subjectione.

1 Volens autem usque ad mortem in perfecta humilitate et subjectione persistere, diu ante mortem suam dixit generali ministro: “Volo ut committas vicem tuam super me uni ex sociis meis cui obediam vice tua; nam propter bonum obedientiae volo quod in vita et in morte semper maneas mecum”.
2 Et ex tunc, usque ad mortem, habuit unum de sociis suis guardianum, cui obediebat vice generalis ministri. 3 Immo quadam vice dixit sociis suis: “Hanc gratiam inter alias contulit mihi Dominus quod ita diligenter obedirem novitio qui intraret hodie religionem, si esset mihi assignatus pro guardiano, sicut illi qui est primus et antiquus in vita et in religione. 4 Subditus enim considerare debet praelatum suum, non ut hominem, sed ut Deum, pro cujus amore subditus est eidem”. 5 Postea dixit: “Non est aliquis praelatus in toto mundo qui tantum timeatur a subditis suis quantum Dominus faceret me timeri a fratribus meis, si vellem; sed hanc gratiam contulit mihi Dominus quod volo esse contentus omnibus, sicut qui minor est in religione”.
6 Hoc autem vidimus oculis nostris (1Ioa 1,1), nos qui cum ipso fuimus (cfr. 2Pet 1,18)sicut etiam ipse testatur, quod cum aliqui fratres non satisfacerent ei in suis necessitatibus, 7 vel dicerent sibi aliquod verbum de quo solet homo turbari, statim ibat ad orationem et in reversione sua nolebat de aliquo recordari, nec unquam dicebat: “Talis non satisfecit mihi, vel talis dixit mihi tale verbum”.
8 Sicque in hujusmodi perseverans, quanto magis appropinquabat morti, tanto magis erat sollicitus considerare quomodo in omni humilitate et paupertate et omnium virtutum perfectione posset vivere atque mori.

TEXTO TRADUZIDO

Espelho da Perfeição - 46

Capítulo 46. Até a morte quis ter como guardião um de seus companheiros e viver subordinado.

1 Querendo viver até a morte na perfeita humildade e sujeição, muito tempo antes de sua morte disse ao ministro geral; “Que­ro que transmitas tua autoridade a um dos meus com­panheiros, a quem obedecerei em teu lugar; pois, devido ao bem da obediência, quero que na vida e na morte permaneças sempre comigo”.
2 Desde então, até.a morte, teve como guardião um de seus companheiros, a quem obedecia em lugar do ministro geral. 3 Um dia, chegou mesmo a dizer a seus companheiros: Entre outras, o Senhor me deu a graça de obedecer diligentemente tanto a um no­viço que entrou hoje na Ordem, se ele me fosse indicado como guardião, quanto ao que é o primeiro e mais idoso na religião. 4 De fato, o súdito não deve considerar seu superior como homem, mas como Deus, pelo amor do qual se submete a ele”. 5 Depois dis­se: “Não existe prelado em todo o mundo que seja tão reverencia­do pelos seus súditos quanto o Senhor faria que eu fosse temido pelos meus irmãos, se eu o quisesse; mas o Senhor me deu a graça de contentar-me com tudo, como se na Ordem fosse o menor”.
6 Nós que com ele vivemos (cf. 2Pd 1,18), vimos com nossos olhos (cf. 1Jo 1,1), como também ele atesta, isto é, que quando alguns frades não o satisfaziam em suas necessidades 7 ou lhe diziam alguma palavra pela qual costumamos nos magoar, ele logo ia rezar e, ao voltar, não queria lembrar-se de nada nem ja­mais dizia: “Fulano não me satisfez, ou fulano me disse tal palavra”.
8 Permanecendo nesse espírito, quanto mais se aproximava da morte, mais procurava pensar em como poderia viver e morrer em toda a humildade e pobreza e na perfeição de todas as virtudes.