Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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TEXTO ORIGINAL

Speculum perfectionis - 82

Caput 82. De singulari zelo quem habuit ad locum Sanctae Mariae de Portiuncula  et de constitutionibus quas fecit ibi contra verba otiosa.

1 Prae ceteris locis ordinis singularem zelum et praecipuum studium habuit semper quamdiu vixit in faciendo conservari omnem perfectionem vitae et conversationis in sacro loco Sanctae Mariae de Angelis, tanquam in capite et matre totius religionis, 2 intendens et volens ipsum locum esse formam et exemplum humilitatis, paupertatis et omnis perfectionis evangelicae cunctis locis, 3 atque fratres ibi commorantes debere semper esse prae ceteris fratribus circumspectos et sollicitos in omnibus agendis et cavendis quae spectant ad perfectionem observantiae regularis.
4 Unde, quodam tempore, ad evitandam otiositatem, quae est radix omnium malorum (cfr. 1Tim 6,10),maxime in religioso, ordinavit ut quolibet die, post cibum, statim fratres simul cum ipso deberent se in aliquo opere exercere, 5 ne bonum quod tempore orationis lucrabantur, per verba inutilia et otiosa (cfr. Mat 12,36)ad quae homo est dispositus maxime post cibum, perderent totaliter vel in parte.
6 Item ordinavit et mandavit firmiter observari quod si quis fratrum vagans vel aliquid operans inter fratresverbum aliquod otiosum (cfr. Mat 12,36) protulerit, teneatur semel dicere Pater Noster, laudando Deum in principio et in fine orationis, 7 ita tamen quod si, forte sui conscius, prius se culpaverit de commisso, ipsum Pater Noster dicat pro anima sua cum Laudibus Domini, ut dictum est; 8 si autem ab aliquo fratre prius inde fuerit reprehensus, Pater Noster pro anima fratris arguentis ipsum praedicto modo dicere teneatur.
9 Si vero reprehensus excusaret se, et ipsum Pater Noster dicere nollet, eodem modo teneatur dicere duo Pater‑Noster pro anima illius fratris arguentis eum. 10 Si ipsius vel alterius testimonio constiterit esse verum quod ille verbum dixerit otiosum (cfr. Mat 112,36), dictas etiam Laudes Dei in principio et in fine orationis ita alte dicat quod ab omnibus fratribus circumstantibus audiatur et intelligatur. 11 Qui fratres, dum hoc ille dixerit, taceant et auscultent. 12 Si quis vero audiens fratrem dicentem verbum otiosum (cfr. Mat 12,36) tacuerit et non arguerit eum, eodem modo teneatur dicere unum Pater Noster cum Laudibus Dei pro anima illius dicentis.
13 Et quicumque frater ingrediens cellam vel domum vel aliquem locum invenerit ibi fratrem, vel fratres, statim debeat Dominum devote benedicere et laudare.
14 Has Laudes Domini pater sanctissimus sollicitus erat semper dicere, et alios fratres ardentissima voluntate et desiderio docebat et excitabat ad dicendum easdem laudes sollicite et devote.

TEXTO TRADUZIDO

Espelho da Perfeição - 82

Capítulo 82. O especial zelo que teve pelo lugar de Santa Maria da Porciúncula e as prescrições que ali fez contra as pa­lavras ociosas.

1 Enquanto viveu, mais do que pelos outros lugares, sempre teve um zelo particular e um empenho especial em preservar toda a perfeição de vida e de comportamento no sagrado lugar de Santa Maria dos Anjos, cabeça e mãe de toda a religião. 2 Entendia e queria que esse lugar fosse modelo e exemplo de humildade, de pobreza e de toda a perfeição evangélica para todos os lugares3 e que os frades que ali moram deveriam ser sempre mais circunspetos e solícitos que os demais em tudo o que se deve fazer e evitar em relação à perfeita observância regular. 4 Assim, certa ocasião, para evitar a ociosidade, que é a raiz de to­dos os males (cf. 1Tm 6,10), sobretudo em um religioso, ordenou que diariamente, logo após a refeição, os frades se puses­sem com ele a fazer algum trabalho, 5 para não perderem de todo ou em parte o bem-alcançado no tempo da oração, por palavras inúteis e ociosas (cf. Mt 12,36), às quais o homem é propenso, principalmente após as refeições. 6 Também ordenou e mandou observar firmemente que, se algum frade, passeando ou trabalhando entre os frades, pro­ferir uma palavra ociosa (cf. Mt 12,36), seja obrigado a re­zar um Pai-nosso, louvando a Deus no princípio e no fim da ora­ção. 7 De tal maneira, entretanto, que se, consciente de sua falta, espontaneamente ele se acusar antes, deve dizer o mesmo Pai-nosso por sua alma, com os Louvores do Senhor, como se disse; 8 mas, se for repre­endido antes por outro frade, tenha que rezar o Pai-nosso, da maneira referida, pela alma do irmão que o corrigiu. 9 Mas se o repreendido se desculpar e não quiser dizer o Pai-nosso, da mesma modo seja obrigado a dizer dois Pai-nos­sos pela alma do irmão que o repreendeu. 10 Se, pelo testemunho deste ou de outro, ficar certo que ele disse a palavra ociosa (cf. Mt 12,36), diga, além disso, os Louvores do Senhor no princípio e no fim da oração em voz alta, que possa ser ouvida e compreendida por todos os irmãos presentes. 11 E os frades, enquan­to ele rezar, calem-se e escutem. 12 Mas se alguém, ouvindo um frade dizendo uma palavra ociosa (cf. Mt 1.4,36), se calar e não o repreender, também tenha que dizer um Pai-nosso com os Louvores de Deus, pela alma do irmão. 13 E todo o frade que entrar na cela ou na casa ou noutro lugar e ali encontrar um ou mais irmãos, deve logo bendizer e louvar piedosamente o Senhor.
14 O pai santíssimo era solícito em recitar sempre estes Louvores do Senhor e ensinava-os com a mais ardente vontade e desejo aos outros frades e estimulava a recitar os louvores solícita e devota­mente.